31.7.02

GOIABA MOVIE GUIDE

Coisas que não deveriam ter sido filmadas

O Libertino (Brasil-sil-sil, 1973). Eis mais uma inestimável contribuição do anal, digo, canal Brasil para a nossa memória cinematográfica. Nesse filme, Costinha, ídolo deste blog, faz o papel do comendador Emanuel, presidente de uma espécie de liga de defesa da moral (sic) que descobre que a casa que havia cedido para um colégio de moças está abrigando um bordel.

Costinha interpreta não só o comendador, mas também sua "consciência" -o primeiro de terno e gravata, a segunda de bermuda e camisa florida. Logo no início, o comendador, que apreendera algumas "revistas proibidas", esconde-se no seu quarto para folheá-las. A consciência, com aquela cara hiperpornográfica do Costinha, aparece e lhe diz: "É, tu fica se fazendo de santinho, mas gosta mesmo é de uma boa sacanaaagem...". Outro highlight é quando o comendador vai inspecionar o "colégio" com um de seus empregados (o filme, aliás, traz intertítulos com uma profusão de aspas: "colégio", "meninas" e por aí vai) e vê, de relance, a bunda de uma das "meninas". "Não há nada de errado por aqui", diz o empregado -motorista, se não me engano. "Mas eu vi! Eu juro que vi!", afirma o Costinha. "Viu o quê, comendador?" "AQUELE RABO!"

Merece pôster, reproduzido logo abaixo, e uma cotação de no mínimo dez goiabas bichadas. Imperdível.



30.7.02

O JUSTICEIRO DAS MESÓCLISES

Philadelpho Philomeno, meu velhinho "serial killer", também apóia a campanha do Mundo Perfeito contra o "bando de filho da puta sem costume" que trata a língua portuguesa como sua privada (só não reproduzo o banner devido à minha conhecida tecnocapivarice). Philadelpho recebe, às vezes, o espírito do finado Napoleão Mendes de Almeida e sai por aí louquinho para empalar, com sua bengala, os assassinos do vernáculo.
PÉSSIMAS COMPANHIAS

É muito curioso como vários dos blogs que visitei receberam com um misto de indignação e surpresa a eleição de Paul Rabbit para a Loucademia Brasileira de Letras. Caríssimos, vocês acham mesmo que a Academia existe para ser levada a sério? Se ainda há um Ariano Suassuna por lá, é por acidente ou descuido -e ele deve se sentir como um mico-leão-dourado numa vizinhança de motosserras desgovernadas. Talvez nem seja tão acidental assim: quem sabe eles o tenham escolhido como uma espécie de atração zoológica ("vejam nesta jaula, senhores, os únicos escritores da Academia! Não dêem comida ao Ariano. Cuidado, ele morde!").

Ora, direis, é uma sacanagem com o velho e bom Machadinho. E eu vos direi, no entanto: claro que é. Mas suponho que, onde quer que esteja, Machado pense exatamente como o seu Brás Cubas ("senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos mortos"). Ou seja, ele já ligou o "foda-se" faz tempo.

E digo mais: Paul Rabbit não sabe em que cafofo está se metendo. Meninos, eu vi textos não revisados do "poeta e defensor da liberdade" José Ribamar Sarney e lhes digo: vá escrever mal assim lá na casa do capeta. O "mago" é muito ruim, mas às vezes ele consegue acertar a concordância. O Bigode, nem isso.

MINUTOS DE SABEDORIA

O Humortadela é um site de humor nem sempre engraçado -coisa que também no Brasil é muito comum; basta lembrar que Zé Vasconcellos, o homem mais sem graça do Ocidente, ganha sua vida como humorista há uns 50 anos. Mas, na seção de "cartões", há alguns pensamentos ótimos. Eu endosso este:

"Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta."

27.7.02

NO BALANÇO DA VANGUARDA PROLETÁRIA

Apresento a vocês a música do afoxé Filhos de Stalyn que será o maior sucesso deste verão: "Batuque no Gulag", adaptação revolucionária de "Batuque na Cozinha", de João da Baiana. De pé, condenados da terra! Todo mundo sambando com autocrítica:

Batuque lá no Gulag o Stálin não quer
Por causa do batuque já perdi meu pé

Batuque lá no Gulag ele não quer, não
Por causa do batuque já fiquei sem mão

Batuque lá no Gulag -nunca mais eu faço
Por causa do batuque já fiquei sem braço

Batuque lá no Gulag sempre acaba mal
Por causa do batuque já perdi meu pau...

26.7.02

MEUS PERSONAGENS SECUNDÁRIOS INESQUECÍVEIS

* Tião Macalé

Também não consigo me lembrar dos nomes dos personagens de Augusto Temístocles Silva, also known as Tião Macalé. Todos eram secundários diante da presença do próprio Tião -o imortal criador da frase "Nojento! Tchan!", que poderia perfeitamente ter sido usada por filósofos deprê como o Schopenhauer ou o Cioran para descrever como eles viam o ser humano.

Minha aparição preferida do Tião é uma cena do filme "O Escorpião Escarlate", mistura de chanchada com filme B americano dirigida por Ivan Cardoso em 1990. Se não me engano, ele era o porteiro do prédio da personagem da Andréa Beltrão. Às tantas, o porteiro é surpreendido pelo vilão-título-do-filme, interpretado (sic?) pelo Nuno Leal Maia (o mocinho era o megacanastra Herson Capri). O jeito com que o Tião Macalé exclama "Puta que pariu! É o Escorpião Escarlate!" faz da cena os dois segundos mais engraçados do cinema brasileiro. Pena que não dê pra reproduzir aqui, neste blog nojento (tchan!).

P.S.: O Iberê descobriu o nome do ator que fazia o Nezinho do Jegue: Wilson Aguiar. Grande contribuição goiabal, meu caro!

GOIABICES ENGAJADAS

Chega de ser um goiaba alienado. O negócio é politização, conscientização e outros substantivos engajados em "ão". E vou começar a mudar minha imagem desde já, anunciando o mais novo projeto da Goiaba's Enterprises: o bloco de comuno-afoxé Filhos de Stalyn. É o Guia Genial dos Povos com samba no pé. Todo mundo requebrando sem má-consciência burguesa! Nosso patrono, claro, será Oscar Niemeyer, aquele escultor que pensa que é arquiteto -o único stalinista contemporâneo de Ramsés 2º.

25.7.02

PEIXE NA ÁGUA

E Paulo Coelho conseguiu entrar na Academia Brasileira de Letras. Faz todo o sentido. O "mago" e a academia se merecem.

Mais alguns anos e até eu entro lá. Basta deixar crescer o bigode e virar senador: melhor que "Os Maribondos de Fogo" este blog já é. (Está certo, assim não vale: eu sei que não tem como ser pior.)
A GOIABA NA HISTÓRIA DA LITERATURA

Ruy Goiaba -que, como Dadá Maravilha, gosta de falar de si mesmo na terceira pessoa-, como vocês sabem, é fruta, mas é espada. Isso não o impede, porém, de dar seus furos (só no sentido jornalístico, seus pervertidos). Só no puragoiaba vocês lêem esta notícia: estudos recentíssimos mostram que a goiaba -a fruta- tem sido constantemente sacaneada ao longo da história da literatura e substituída por frutas, flores ou bichos supostamente mais nobres. Este blog teve acesso exclusivo a textos originais de grandes escritores e comprovou que "forças terríveis" (pronuncia-se com o sotaque do Jânio Quadros), nos últimos séculos, alijaram a goiaba do nobre lugar literário que lhe é devido.

Assim, vocês lerão aqui, traduzidos por mim, trechos goiabais de algumas obras-primas, até hoje inéditos. Vamos a eles.

* William Shakespeare (1564-1616), "Romeu e Julieta", segundo ato, cena 2.

Julieta - Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos goiaba, sob outra designação, teria o mesmo perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservaria a tão preciosa perfeição que é dele sem esse título. Romeu, risca teu nome e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira.

Romeu - Tomo-te a palavra. Chama-me amor e serei novamente batizado. De hoje em diante, jamais serei goiaba.

* Franz Kafka (1883-1924), "A Metamorfose", início.

"Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado numa fruta asquerosa. Estava deitado sobre a mole polpa de suas costas e, ao erguer a cabeça, viu a figura convexa de seu ventre verde, em cuja proeminência a colcha mal podia agüentar, pois estava visivelmente a ponto de escorregar até o chão."

* Marcel Proust (1871-1922), "Em Busca do Tempo Perdido", volume 1 ("No Caminho de Swann").

"E mal reconheci o gosto do pedaço de goiaba molhado em chá que minha tia me dava (...), eis que a velha casa cinzenta, de fachada para a rua, onde estava seu quarto, veio aplicar-se, como um cenário de teatro, ao pequeno pavilhão que dava para o jardim e que fora construído para meus pais ao fundo da mesma (...); e, com a casa, a cidade toda, desde a manhã à noite, por qualquer tempo, a praça para onde me mandavam antes do almoço, as ruas por onde eu passava e as estradas que seguíamos quando fazia bom tempo. E, como nesse divertimento japonês de mergulhar numa bacia de porcelana cheia d’água pedacinhos de papel, até então indistintos e que, depois de molhados, se estiram, se delineiam, se colorem, se diferenciam, tornam-se flores, casas, personagens consistentes e reconhecíveis, assim agora todas as flores do nosso jardim e as do parque do sr. Swann, e as ninféias do Vivonne, e a boa gente da aldeia e suas pequenas moradias e a igreja de Combray e seus arredores, tudo isso que toma forma e solidez saiu, cidade e jardim, do meu pedaço de goiaba."

CONTRA A DISCRIMINAÇÃO

Volto a falar do "inacreditível" Evê Sobral. Seu programa megatrash, "Spa Fantasia", inclui anúncios de sua própria produtora, a Ases (além do chiquérrimo apoio institucional do guaraná Convenção, como bem observou a Flávia). Diz o comercial: "Basta mandar uma foto de rosto e de corpo inteiro, preencher uma ficha com seus dados e você já faz parte da Ases!". Vocês vejam que pessoa humana maravilhosa, muito gente mesmo, é o nosso amigo: ninguém precisa ter talento para fazer parte da produtora (coisa, aliás, facilmente constatável por quem assiste ao programa). É o fim dessa discriminação odiosa, desse negócio de exigir que atores saibam representar.

24.7.02

SÓ GENTE BONITA, CHIQUE, FAMOSA E LOBOTOMIZADA

Preciso fazer, aqui, um elogio público à Veja em São Paulo. Nos últimos tempos, essa revista se tornou uma das grandes fontes de inspiração para meu modesto bloguinho. Temos que louvar a consistência do seu investimento na mediocridade dos leitores.

A reportagem de capa desta semana trata, num tom entre o reverencial e o deslumbrado, de um restaurante aqui em São Paulo no qual você pode encontrar Miguel Falabella (a "loira má"), Raul Gazolla, Alexandre Frota e outros brilhantes intelectuais do Brasil. Pois é, igualzinho àqueles encontros que a Gertrude Stein gostava de promover na casa dela em Paris.

Na boa: eu só poria os pés num lugar desses se fosse bulímico e quisesse vomitar logo depois de comer. Ou levando comigo meu velhinho "serial killer", Philadelpho Philomeno. Acho que ele se divertiria à grande bombardeando os chiques & famosos com coquetéis Merdotov, mais uma invenção de sua mente maligna.

A CRIATIVIDADE DO BLOGGER

Vou começar a postar as mensagens de erro do Blogger no lugar das minhas mal traçadas. Sintam só o charme desta, que venho lendo há algumas semanas: "Error 503: Unable to load template file. We're working on this. Please try back later". Se bem que eu gostaria de conhecer outros erros -digamos, o 499, o 501, o 502, o 510- para dar um pouco mais de variedade e emoção à minha vida blogueira. (Bem, do jeito que esta geringonça anda, devo conhecer todos eles em breve. Acho que não será um prazer.)
BREGA'S BANQUET, THE COMEBACK

Olá, pessoal. As portas corrediças da padaria foram reabertas. Sirvam-se à vontade dos ovos-da-casca-vermelha e do uísque Old Stroessner, o mais refinado produto das Highlands paraguaias. Deliciem-se com a trilha sonora imaginária do bardo de Morrinhos (GO), Odair José, autor do slogan que está aí em cima. Odair é um mestre do eufemismo elegante, mas também sabe ser direto e didático, como na letra de "A Nossa Primeira Vez":

Sei, vai ser demais a nossa primeira vez
Por isso já comprei camisinhas pra mais de um mês...


Odair é ou não é o doutor Drauzio Varella do brega?

22.7.02

VOU ALI E JÁ VOLTO

Moçada, o puragoiaba ficará em recesso até esta quarta ou quinta-feira. A vida voltou a ficar complicada aqui no reino da bananada de goiaba. Mas o recesso será breve. Enquanto isso, fiquem com nossas "estrelas comerciais". Maaaarcos!...

19.7.02

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 13

Sigmund Freud (1856-1939)

"Não estou interessado em nenhuma crítica econômica do sistema comunista; não posso investigar se a abolição da propriedade privada é conveniente ou vantajosa. Mas sou capaz de reconhecer que as premissas psicológicas em que o sistema se baseia são uma ilusão insustentável (...). A agressividade não foi criada pela propriedade. Reinou quase sem limites nos tempos primitivos, quando a propriedade era ainda muito escassa, e já se apresenta no quarto das crianças, quase antes que a propriedade tenha abandonado sua forma anal e primária; constitui a base de toda relação de afeto e amor entre pessoas."

(Trecho de "O Mal-Estar na Civilização", 1930)


18.7.02

DECLARAÇÃO À PRAÇA

Venho por meio desta declarar que o que eu tinha a dizer eu já declarei. Não obstante -e, ainda, feroz e obstinadamente-, sinto-me na obrigação de reafirmar o já anteriormente exposto. De modo que assim me posiciono, renegando, destarte, qualquer afirmação em sentido oposto à verdade proferida por este que esta redige. Queiram aceitar meus protestos de estima e consideração.

Sem mais para o momento, firmo-me

Ruy Goiaba
CEO da Goiaba's Enterprises
18 de julho de 2002

Hein?

(Post conceitual, ressuscitado a pedido de Sylvia Zappa. É permitida a reprodução em outros blogs, desde que citada a fonte. Copyright Goiaba's Enterprises. Cuidado, recheio quente. )
Nova mudança no slogan, para homenagear o ultragoiaba e muito estranho Dalto. "Cuida bem de miiiim..."
GOIABA MUSIC GUIDE

Top five: músicas pavorosas e seus títulos horrendos

Quando a falta de assunto é crônica, nada como fazer rankings. Desta vez, escolhi cinco músicas brasileiras cujos títulos dão uma excelente idéia de sua qualidade. Como vocês sabem, eu sempre me embanano com números complexos: assim, a lista de cinco músicas tem seis (as "top five" e uma menção honrosa). Eis:

* Onde o Coló Comeu, Ivon Curi. Vocês notaram a sutileza? Pois é, o repertório do cantor também incluía sacanagens perceptíveis apenas pelos ouvintes de inteligência superior. Ivon é santo padroeiro do puragoiaba -e ai de quem falar mal dele.

* Não Tem Jeito que Dê Jeito, Raimundo Soldado. Patrimônio do brega nordestino, Raimundo Soldado foi redescoberto recentemente pelo brega fake Falcão, que regravou esse clássico. Destaque para este imortal verso: "De hoje em diante nós vamos ser um simples amigo". E viva as melodias popular!

* Nós Somos Dois Sem-Vergonhas, Lindomar Castilho. O verdadeiro gangsta-brega em uma de suas interpretações mais matadoras (ops, desculpem).

* Dez Portugueses sem Jeito e um Bacalhau na Sacola, Roberto Leal. Isso é o que acontece quando um português pirobo e sem superego é deixado à solta. Putaq'p'riu!

* Se Eu Morrer sem Gozar do Seu Amor, Minha Alma lhe Perseguirá de Pau Duro, Falcão. De longe, o título mais poético da MPB nos últimos 80 anos.

Menção honrosa: Suga-me, com Alípio Martins. O assunto é esse mesmo que você está pensando. Also known as "Melô da Peta". Séquiço explícito, cafonice e maracas.
MEUS PERSONAGENS SECUNDÁRIOS INESQUECÍVEIS

Vocês já notaram como eu gosto de fazer esses posts em série, não? É um mais dispensável que o outro. Começarei uma nova série inútil lembrando os meus personagens secundários favoritos (no cinema, na televisão, na literatura etc.), todos muito mais interessantes que os protagonistas. Vamos ao primeiro:

* Nezinho do Jegue

Nezinho do Jegue era um secundaríssimo personagem de "O Bem-Amado" (a minissérie da Globo, não a novela). Tão secundário que eu não me lembro do nome do ator que o interpretava. A única coisa que o Nezinho fazia era levar seu jegue -que se chamava Rodrigues- à praça de Sucupira durante as aparições do prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo). Quando estava sóbrio, Nezinho era o maior puxa-saco: saudava o prefeito aos gritos de "viva Odorico!". Mas, bêbado, ele anulava seu superego bajulador e deixava o subconsciente se expressar: "Morra Odorico! Safado, sem-vergonha! Ladrão de merenda!".

Eu não bebo muito (como vocês sabem, só Malt 90 em lata, quente), mas "solto o Nezinho" quando escrevo no puragoiaba. Só acho que, se o jegue Rodrigues fosse o dono do blog, ele escreveria posts bem melhores. Certamente, muito mais sensatos.

O TOXIC AVENGER DA TERCEIRA IDADE

O camarada Láudano apontou semelhanças entre o meu "serial killer" da terceira idade, Philadelpho Philomeno, e o Toxic Avenger dos filmes da Troma. Eu confesso que conhecia o herói apenas de ouvir falar, mas agora acho que ele e Philadelpho podem formar uma ótima dupla. Outra idéia que tive: o velhinho, apesar da vista bem cansada, será um leitor assíduo de blogs, nos quais vai encontrar centenas de potenciais vítimas. Hm-hm-hm-hm-hm (*risadinha abafada, à la Vincent Price*).

16.7.02

GOIABA MOVIE GUIDE

Top five: os piores títulos em português

É claro que esta lista está sujeita a alterações. Ela inclui apenas as versões em português de filmes cujos títulos originais eram razoavelmente decentes. Estão descartados nomes de filmes pornô ("Oh! Rebuceteio") e títulos com frasezinhas didáticas, sobre os quais já falei ("The King - O Rei do Pedaço"). Aqui vão:

* Quando Duas Mulheres Pecam (Persona, 1966). Coitado do Ingmar Bergman. Por mais chatos que seus filmes fossem, ele não merecia uma tradução dessas.

* Seis Não Regressaram (Journey to Shiloh, 1968). Esse é sensacional. Sete amigos juntam-se às tropas sulistas durante a Guerra Civil americana. Adivinhem só o que acontece... (Depois ainda têm coragem de falar mal dos portugueses, com aquela "lenda urbana" sobre "O Filho que Era a Mãe". Ora, pois.)

* Fé Demais Não Cheira Bem (Leap of Faith, 1992). O título original e a comédia, com Steve Martin e Debra Winger, não cheiravam nem fediam. Mas o tradutor, cheio de "wit", achou que um trocadilhozinho fedegoso cairia bem. Tampem os narizes.

* Quem Não Herda... Fica na Mesma (Splitting Heirs, 1993). Boa lembrança recente do Telescópica (salvo engano meu). Segue a linha escatológico-espirituosa do anterior. Aliás, parece letra de música do Sandro Becker ("lá detrás daquele morro/ tem dois caras batutas/ um é filho do Zé/ e o outro não é...").

* Picardias Estudantis (Fast Times at Ridgemont High, 1982). Como é que é? Ardia o quê?

GOIABA MOVIE GUIDE

Coisas que não deveriam ter sido filmadas

Kiss contra o Fantasma do Terror (Kiss Meets the Phantom of the Park, EUA, 1978): O linguarudo Gene Simmons e seus comparsas utilizam seus poderes especiais (sic) para lutar contra um cientista que tem seu laboratório em um parque de diversões (sic, sic) e quer conquistar o mundo com seus clones, os quais incluem um "Kiss do mal" (sic ao cubo). É tanta bobagem que fica difícil escolher os highlights (melhor dizendo, "lowlights"). Se puder, assista à versão dublada: nada melhor do que ouvir o Gene Simmons "do mal" dizendo "eu sou o demôniooooo".

Cotação do Ruy: cinco goiabas bichadas. E põe bichadas nisso.
MAIS SOBRE O VELHINHO

Ainda não decidi se batizo esse meu amável personagem como Philomeno ou Philadelpho; de toda forma, ele tem que ter "ph" no nome. Parece um velhinho fofo e inofensivo, mas não se iluda: é um crudelíssimo "serial killer" de jovens babacas. Além das armas já citadas, ele possui uma máscara de oxigênio ligada a um balão cheio de gás metano (sim, Philomeno -ou Philadelpho- é um velhinho metódico. Segue uma dieta rica em repolho e armazena cuidadosamente os próprios peidos). Quando suas vítimas estão agonizando, ele termina o serviço com sua máscara de altíssima concentração flatulenta. Nossa, criei um monstro...

15.7.02

O VELHINHO "SERIAL KILLER"

Nelson Rodrigues estava certo quando dizia aos jovens: "Envelheçam depressa, antes que seja tarde". A supervalorização do simples fato de ser jovem, de algumas décadas para cá, aumentou exponencialmente a concentração de cretinice por metro quadrado neste planetinha. Muitos crêem que a data de nascimento numa certidão seja, por si só, uma excelsa qualidade e que "novo" seja sinônimo de "melhor" (o que faz da Aids, por exemplo, uma coisa bem "melhor" e mais "muderrrna" do que a gonorréia). No fundo, é compreensível: jovens descerebrados são ótimos consumidores e excelente massa de manobra.

Contra esse estado de coisas, já pensei em escrever um conto, tendo como protagonista um velhinho "serial killer". Um belo dia, ele se cansa de ler Schopenhauer, Ortega y Gasset e Cioran, porque acha que a simples leitura não vai resolver os problemas do mundo -e passa das palavras à ação. Começa a freqüentar assembléias estudantis, shopping centers e shows do Natiruts ("liberdade pra dentro da cabeeeçaaa"...), entre outros lugares insalubres, para seqüestrar jovens cretinos e empalá-los com sua bengala pontiaguda ou sufocá-los com seu fraldão geriátrico (usado, of course). Não pensei ainda no final, mas acho melhor fazer com que isso vire logo ficção -ou, daqui a 30 anos, eu mesmo vou me transformar nesse velhinho.
RETURN OF THE LIVING DEAD

O Blogger impediu que eu postasse durante todo o fim de semana, numa iniciativa involuntária pela qual a humanidade, certamente, agradece. De todo modo, consegui mudar meu slogan; o novo é uma das coisas mais românticas que você pode dizer a uma mulé, se ela for goiaba o suficiente. É verdade que eu já sou uma gaveta muito desarrumada; não há mais o que bagunçar. Mas mulé desarrumadeira é sempre bem-vinda.

11.7.02

INTELLECTUAL UNDERWEAR

E o caríssimo Zeitgeist andou falando poucas e boas de um rapaz que usa camisetas do Thelonious Monk e do Miles Davis. Ainda bem que ele nunca viu a minha cueca furadinha com a reprodução da capa de "Dança da Rapadura", do neominimalista Tiririca. Aliás, nem ele nem marmanjo nenhum (sou fruta, mas sou espada, merrmão, qualé, vai encarar?). Bom, alguns amigos já viram na cozinha as cuecas velhas que eu transformei em pano de prato, mas aí o contexto é outro. Certo?
JÁ QUE TODO MUNDO ESTÁ FAZENDO...

Google! DayPop! This is my blogchalk: Portuguese, Brazil, Sao Paulo, Pinheiros, Ruy, Male, 31-35!

9.7.02

CAREQUINHA FOR PRESIDENT

Convém dizer que este não é um post-propaganda do candidato pouca-telha Zé da Serra Elétrica. Há algum tempo, o velho e bom Láudano sugeriu que lançássemos a candidatura presidencial do macaco loiro, o performático e multimídia doutor Gori.

Sorry, meu caro, mas sou obrigado a revelar que já escolhi outro candidato: o palhaço Carequinha. Para moralizar a política no Brasil, bastaria adaptar a letra de seu hit infanto-geriátrico "O Bom Menino", de 1962: "Olhem aqui! O Carequinha não é amigo de criança que desvia verba do Orçamento ou monta esquema para extorquir o dinheiro dos amiguinhos. Tá certo ou não tááááá?". Nós, eleitores, teríamos um governante plenamente identificado conosco, com nariz vermelho e tudo. Carequinha já!

(Parênteses sem relação alguma com o assunto acima: Isidore Ducasse é muito bom, mas que história é essa de pular Baudelaire e suas "fleurs du mal", Láudano? Pelamordedeus!)

8.7.02

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 12

José Paulo Paes (1926-1998)

neste lugar solitário
o homem toda manhã
tem o porte estatuário
do pensador de rodin

neste lugar solitário
extravasa sem sursis
como num confessionário
o mais íntimo de si

neste lugar solitário
arúspice desentranha
o aflito vocabulário
das suas próprias entranhas

neste lugar solitário
faz a conta mais doída:
em lançamentos diários
a soma da sua vida


("Grafito", da antologia "Um por Todos", 1986. Nota de rodapé: "arúspices" eram os sacerdotes que, na Roma antiga, diziam prever o futuro examinando as vísceras das vítimas de um sacrifício. Comentário goiabal: esse poema é uma espécie de versão, consideravelmente melhorada, daquele clássico anônimo sobre o mesmo tema, "neste lugar solitário/ sinto uma emoção profunda:/ a bosta bate na água/ e a água bate na bunda".)

Novo slogan goiabal no ar. Pensei em pôr "blogar é nunca ter de pedir perdão", mas acho que a frase aí de cima combina melhor com meu Rider e minha barriga proeminente.
GOIABA MOVIE GALLERY

Que "Star Wars" e Conde Dooku (a versão interestelar do Conde D'Eu), que nada. Eu quero é assistir a "Janaína, a Virgem Proibida". Com um título desses e Ronnie Von, a "mãe de gravata", no papel principal, só pode ser ducacete. Acho que vai pra minha lista dos "bottom ten" sem que eu precise ver.


GOIABA MOVIE GUIDE

Coisas que não deveriam ter sido filmadas

Killer Klowns from Outer Space (EUA, 1988): Palhaços alienígenas assassinos aprisionam humanos em casulos de algodão-doce e chupam o sangue deles com canudinhos. Devo essa maravilhosa lembrança cinéfila à Sylvia, que perguntou qual o filme que marcou nossas vidas quando estávamos em idade impressionável. Eu já tinha 20 e tantos anos quando vi esse filme, mas devo dizer: fiquei pessimamente impressionado.

Cotação do Ruy: cinco goiabas. Bichadas, of course.

4.7.02

EU NÃO LEIO O PURAGOIABA 8

Charles De Gaulle não leria jamais o puragoiaba. Bien sûr! Purragoiabá n'est pas un blog sérieux.


O GRANDE TOLICIONÁRIO DO JORNALISMO ECONÔMICO

Um dia, ainda quero fazer uma experiência em laboratório, com um grupo de jornalistas econômicos como cobaias. A idéia é impedi-los (mediante choques elétricos, se necessário) de escrever expressões como "alavancar" e "preços praticados" ou de explicar, inteligentemente, que a Bolsa "despencou 2,3%". Tenho certeza de que eles sofreriam uma síndrome de abstinência.

Pior que ler isso, acho, só ver a Lillian Witte Fibe torcendo o nariz para um lado e a boquinha para o outro ao dizer que "a economia está na UTI". Ou a Ana Paula Padrão dizendo a mesma bobagem, mas com os olhos arregalados, para "passar credibilidade" (nessas horas, a moça deve pensar algo como "gente, olho arregalado significa que o que eu estou dizendo é SÉRIO, viu?").
PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 11

Lope de Vega (1562-1635)

Pasé la mar cuando creyó mi engaño
que en él mi antiguo fuego se templara,
mudé mi natural, porque mudara
naturaleza el uso, y curso el daño.

En otro cielo, en otro reino extraño,
mis trabajos se vieron en mi cara,
hallando, aunque otra tanta edad pasara,
incierto el bien, y cierto el desengaño.

El mismo amor me abrasa y atormenta,
y de razón y libertad me priva.
¿Por qué os quejáis del alma que le cuenta?

¿Qué no escriba decís, o que no viva?
Haced vos con mi amor que yo no sienta,
que yo haré con mi pluma que no escriba.


("Soneto a Lupercio Leonardo", 1609)

3.7.02

GOIABA MOVIE GALLERY

Para fechar o dia, o pôster de "Histórias que Nossas Babás Não Contavam" -pornochanchada que tem anãozinho falando palavrão, Costinha como o caçador que adora "comer um cru" e Adele Fátima mostrando todo o seu ziriguidum, telecoteco, balacobaco e forrobodó. Três vivas para o anal, ops, canal Brasil!

EU NÃO LEIO O PURAGOIABA 7

Fause Haten, presumivelmente, não lê o puragoiaba. Claro, este não é um blog féchom. Mas ai dele se sua próxima coleção na São Paulo Bichion Week tiver botas brancas e pingüins de louça. Processá-lo-ei e cobri-lo-ei de porrada, com mesóclise e tudo.

VAMOS DANÇAR MAMBOLÊ?

Bem que a Katia já havia me avisado: eles estão de volta. Agora, com dois gês: Trio Los Anggeles. A entrevista do pirobo-líder do trio, Marcio Mendes, é a coisa mais hilariantemente goiabal que a Folha publicou nos últimos anos. Dá vontade de postar na íntegra, mas cito apenas um conselho dele ao repórter: "O principal é a babosa. Passe no seu rosto, viu?". Enquanto você vai procurar babosa para espalhar sobre a cútis, leia o resto aqui.



Postei essa foto há alguns meses, mas, como o próprio Marcio diria, "o que é bonito tem de ser (re)mostrado". Afe!

2.7.02

GOIABA MOVIE GALLERY

Pena que eu não tenha descoberto este site antes de escrever meu post sobre a pornochanchada. Mas, como toda hora é hora de apreciar as graaaandes obras do cinema brasileiro, deixo vocês com este cartaz de "O Bem-Dotado", o filme com mais efeitos sonoros por minuto na história do cinema mundial. Tóimmm!

AS CERTINHAS DO RUY

Nancy Sinatra nunca chegou a bater um bolão como a Julie London, mas sempre ganhou longe no quesito goiabice -e, apesar da cara de plástica, até que estava bastante encarável quando posou para a "Playboy", só de botas, aos 55 anos.

A obsessão com botas (às vezes brancas, as minhas preferidas) vem do maior sucesso dela, "These Boots Are Made for Walkin'", de 1966. Feminismo, cafonice e, ahn, criatividade lingüística: na letra há neologismos como "truthing" e "saming", antônimos de "lying" e "changing". Quem disse que o bom gosto é necessário?

(O pior é que eu gosto dela cantando "You Only Live Twice". Sim, sou cafona mesmo, e daí? Como se vocês já não soubessem.)


SLOGAN NOVO, GOIABICES ANTIGAS

Embora a gente continue "servindo bem para servir sempre", resolvi mudar a descrição do blog, aí em cima, para dar espaço a outras frases goiabísticas. Provavelmente, a próxima será algo como "isso é que é blog, não aquilo que eu tenho em casa!".
KEVIN, O VIZINHO INDESEJADO

O Rafa, do Todos os Cães Merecem o Céu, me passou dois ótimos links. Um deles permite saber qual é sua "birthday playmate"; ali há farto (e põe farto nisso) material para as "certinhas do Ruy". O outro é uma engraçadíssima versão internética daquele jogo "six degrees of Kevin Bacon"; eu descobri, por exemplo, que o chato-cabeça Jean-Luc Godard está a apenas dois graus do nosso ator-garantia-de-filme-imprestável (e o elo entre os dois é o Roddy McDowall). Na verdade, isso não me surpreende.

ISSO É COISA DE BIAL

Pernas. Pernas que correm. Pernas que driblam. Pernas que bailam no palco iluminado dos gramados. Sua órbita -a bola, redonda como o planeta Terra. Seu caminho -a galáxia do gol, abrindo sorrisos, como estrelas, no rosto de milhões de brasileiros.

Juro para vocês: levei dois minutos para elaborar essa porcaria aí em cima, enquanto cortava as unhas. Mas acho que o resultado não é inferior às "crônicas" do Pedro "isso-é-coisa-de-veado" Bial, um dos lowlights da última Copa. E eu que pensava que tivéssemos ficado livres do Armando Nojeira. Putz.

(A propósito, o primeiro parágrafo fica ainda melhor se for lido com entonação semelhante à do Cre-Tino Marcos.)

1.7.02

EU NÃO LEIO O PURAGOIABA 6

Rrrrrrronaldiiinhuuu, o femônemo, também conhecido como Cascão, não lê o puragoiaba. Mas ele eu perdôo. Boa, garoto!



E eu escrevi certo, sim. Femônemo, ferpeitamente! E zuzo bem!