27.8.02

TOLERÂNCIA TEM LIMITE

Não sei se vocês sabem, mas eu sou um sujeito magnânimo, tolerante mesmo. Não ligo para quem olha com desprezo minha chinela Rider ou meu lindo Dodge Dart verde-abacate. Não saio matando com meu AK-47 quem gosta da dupla Marabraz ou acha que Arnaldo Picaretunes é poeta. Já consegui perdoar até uma tia que, sabendo que eu gostava de "música jovem", me deu um LP do Dire Straits (é, aquela bosta de "Brothers in Arms"; se alguém gravasse um disco chamado "O Doce Som das Unhas Compridas no Quadro-Negro", o efeito para mim não seria diferente). Enfim, tento sempre exercer a virtude da tolerância; mas tudo tem limite. Ai de quem pensar em me dar os sei lá quantos volumes da caixa "Mitologia do Kaos", do Jorge Mautner -fá-lo-ei engolir os livros pelo rabo e sem KY. (Entre parênteses, será possível que só eu ache o Mautner uma besta irredimível?)
MAIS DISCOS COM NOMES GAYS

Este blog desqualificadíssimo tem alguns leitores VIP, sabiam? Dois deles, Zeitgeist e Iberê, mandaram ótimas sugestões para a minha relação de discos com nomes homossexofrutas (obrigado, caros!). A lista do Zeit, como sói acontecer, é bem melhor que o meu top five, que está alguns posts abaixo. Vejam só:

* Erasure - Wild!, 1989, e The Two Ring Circus, 1987
* Pet Shop Boys - Bilingual, 1996
* Baiano Meloso - Transa, 1972
* George Michael - Listen Without Prejudice, Vol. 1, 1990
* Lemon Jelly - Lemonjelly.ky, 2000
* Michael Jackson - Dangerous (perigooosa!), 1992
* Elba Ramalho - Devora-me (1993)
* Emílio Santiago - Um Sorriso nos Lábios (2001)
* Zeca Baleiro - Por Onde Andará Stephen Fry? (1997)
* Agnaldo Timóteo - Obrigado, Mãe (1995)
* João Bosco - Ai Ai Ai de Mim (1987)
* Júpiter Maçã - A Sétima Efervescência (1997)
* The Rolling Stones - 12x5 (1964) e Between the Buttons (1967)
* The Beach Boys - 15 Big Ones (1976)

Acho que os melhores são o "Bilingual" (nooossa!) e o dos Beach Boys (menina, não sabia que o Brian Wilson era disso!). O Iberê, por sua vez, mencionou o "Manera Fru Fru Manera", um dos primeiros do Fagner (pensando bem, aquele "se você vem comigo eu não choro ma-aaaais" é meio suspeito). Esse faz um ótimo par com "Vício Elegante", "Melodrama" e outros sensíveis títulos do Belchior. Ou com o "Txai", do Milton Nascimento -que, segundo um amigo meu, deveria se chamar "Bitxai". Afe!
NOT WITH A BANG, BUT A WHIMPER

Sei que não deveria fazer com meus heróis literários a grandíssima sacanagem de transformá-los em "pingüim cover", mas paciência. Hoje, T.S. Eliot é o ocupante do venerável posto acima da "geladeira" dos arquivos. O primeiro slogan que adotei no puragoiaba, "a different kind of failure", era um pedaço de verso dele, que escreveu inúmeros outros trechos antológicos (meu preferido é o quase-final de "The Waste Land", "these fragments I have shored against my ruins". Para mim, é o verso-síntese do século 20). O verso escolhido hoje é uma daquelas verdades inelutáveis. We cannot bear too much reality, can we?

26.8.02

WELCOME TO THE CLUB

Sempre desconfiei de que Narcisa "Ai, Que Loucura" Tamborindeguy fosse goiaba pura, até a medula. Agora, não tenho mais dúvidas. Dêem só uma olhada no que, em seu site, ela chama de "grandes destaques da literatura": Albert Camus, Barbara Cartland, Agatha Christie e Ernest Hemingway. Uma mulher que equipara, numa frase, Camus e Hemingway a Barbara Cartland é feita sob medida para um homem como eu, que guarda seus quartetos de cordas do Haydn no meio dos CDs do Nelson Ned. Só não proponho casamento porque meu salário é modesto demais para comprar o talco medicinal de que ela gosta.
LEAVES OF GRASS

O "pingüim cover" de hoje ostenta uma espantosa semelhança com meu bisavô, o priápico coronel Salustiano Goiaba. Mas é apenas Walt Whitman, inventor do verso livre em inglês e, dizem, o primeiro dos beatniks. Para que essa última afirmação contenha um mínimo de justiça, acrescento que Whitman foi o maior dos beats -na verdade, o único deles que presta. Esqueça imbecis verborrágicos como Allen Ginsberg e vá direto às fontes (Blake, Whitman, Lautréamont). Faça como o bom e velho Ez: monte seu paideuma e não perca tempo com diluidores.

24.8.02

TOP FIVE DO RUY

Os cinco nomes de disco mais gays

Vamos encher lingüiça com listinhas, mais uma vez. Os nomes aí embaixo não estão em ordem crescente ou decrescente de frescura. A relação, é claro, está sujeita a mudanças se vocês sugerirem algo melhor (o goiabamail está aí à direita). Aqui vai.

* Human League, "Dare!" ("Ouse!"), 1981
* Depeche Mode, "Violator", 1990
* Little Richard, "Wild and Wonderful", 1991
* DJ Avan, "Meu Lado", 1986 (dava para fazer um top five, aliás, só com os discos do cara: "Luz", "Lilás", "Bicho Solto"...)
* Markinhos Moura, "Sem Pudor" (sei lá o ano; na capa, o cara aparece pelado em meio às pedras molhadas de uma cachoeira. Bleeeeeaaaaarghhh!)
PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 21

Octavio Paz (1914-1998)

"Rimbaud disse: Et j'ai vu quelquefois ce que l'homme a cru voir. Fusão de ver e crer. Na conjunção destas duas palavras está o segredo da poesia e dos seus testemunhos: aquilo que o poema nos mostra não o vemos com nossos olhos de carne, mas com os do espírito. A poesia faz-nos tocar o impalpável e escutar a maré do silêncio cobrindo uma paisagem devastada pela insônia. O testemunho poético revela-nos outro mundo dentro deste mundo, o mundo outro que é este mundo. Os sentidos, sem perder os seus poderes, convertem-se em servidores da imaginação e fazem-nos ouvir o inaudito e ver o que é imperceptível. Não é isto, além do mais, o que acontece no sonho e no encontro erótico? Tanto ao sonhar como no acasalamento, abraçamos fantasmas. O nosso par tem rosto, corpo e nome, mas a sua realidade real, precisamente no momento mais intenso do abraço, dispersa-se numa cascata de sensações que, por sua vez, se dissipam. Há uma pergunta que a si próprios fazem todos os enamorados, e nela condensa-se o mistério erótico: quem és? Pergunta sem resposta."

(Trecho de "A Chama Dupla - Amor e Erotismo", 1993. )
O AMIGO DO BENITO DI PAULA

E continuamos com o empolgante rodízio de "pingüim covers". Ontem foi o venerável Blaise Pascal (preciso, aliás, escrever um post sobre a "aposta"). Hoje é Charlie Brown, o amigo do Benito. Coitado do Charlie -não consegue nada com a linda garotinha ruiva e ainda se envolve com essas péssimas companhias.

23.8.02

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 20

José Ortega y Gasset (1883-1955)

"Vida es una cosa, poesía es otra. (...) No las mezclemos. El poeta empieza donde el hombre acaba. El destino de éste es vivir su itinerario humano; la misión de aquél es inventar lo que no existe. De esta manera se justifica el oficio poético. El poeta aumenta el mundo, añadiendo a lo real, que ya está ahí por sí mismo, un irreal continente. Autor viene de auctor, el que aumenta. Los latinos llamaban así al general que ganaba para la patria un nuevo territorio."

(Trecho de "La Deshumanización del Arte", 1925.)

22.8.02

QUE TENS, GOIABA, QUE PESAR TE OPRIME?

Meu bom humor, que está de folga, manda avisar que está curtindo o tempo nublado e o tradicional franguinho com areia de Long Beach. Ele também está se divertindo com "O Elixir do Pajé", do Bernardo Guimarães. É, aquele mesmo da "Escrava Isaura", que depois ficou vesguinha e virou a Lucélia Santos.

O "Elixir", além de ser uma engraçadíssima sacanagem com o estilo do Gonçalves Dias, é um poema pornográfico, capaz de fazer até Bocage e Pietro Aretino corarem -e Guimarães escreveu outros, como um com o meigo título de "A Origem do Mênstruo". Quando o bom humor voltar, quem sabe eu transcreva o poema. Aliás, o título deste post é o primeiro verso, só que com outra coisa (mais roliça e latejante) no lugar de "goiaba".
EU NÃO LEIO O PURAGOIABA, THE COMEBACK

F'rnando P'ssoa não lê o puragoiaba. Caso vocês ainda não tenham percebido, ele também não escreve neste blog: Ruy Goiaba está longe, bem longe, de ser seu "heterônimo perdido".

Dá-me mais vinho Chapinha, porque a vida é nada.


MEU IAIÁ, MEU IOIÔ

É óbvio que o meu humor ainda não é dos melhores. Ninguém que goste da humanidade põe uma foto horrenda como essa do Wando no blog. Desculpaí, moçada, prometo que é só hoje.

20.8.02

PARA LER DE MANHÃ E À NOITE

"Tenho uma grande arte: eu firo duramente aqueles que me ferem."

(De Arquíloco, século 7º a.C., talvez o primeiro poeta lírico do Ocidente. A tradução do grego pode variar bastante. Essa foi a que o Rubem Fonseca, por quem não morro de amores, usou em "A Grande Arte". Ótima divisa, melhor que "res, non verba".)
DECLARAÇÃO À PRAÇA

Senhores, é o seguinte: não tenho tido tempo, boas idéias ou paciência para escrever aqui nos últimos dias. Meu bom humor, como vocês terão notado, também pediu folga e deve passar uns dias lá em Long Beach. Volto quando conseguir escrever algum post decente -ou indecente, mas minimamente espirituoso. Continuarei mudando de "pingüim cover" quando der. Enquanto isso, você que veio aqui inutilmente procurando por letras do Alice Cooper pode se enternecer com essa foto do gajo.

17.8.02

VINHOS FEROZES E INSTIGANTES

Uma certa revista semanal continua se superando na produção de ultragoiabices (concorrência desleal com meu -ooops- pequeno negócio). Na semana passada, uma reportagem sobre o consumo de queijos e vinhos assegurava que os segundos podem ser "espirituosos, delicados, instigantes e até ferozes". O que é um "vinho instigante"? É aquele que instiga em você a vontade de fazer videoarte ou de aparecer -pelado e pintado de verde- numa peça do Gerald Samthos? Deus me livre! Por sua vez, "vinhos ferozes" me lembra uma propaganda de Jurubeba Leão do Norte em que um leão saía da garrafa. Mas talvez o adjetivo seja adequado a beberagens como Sangue de Boi, Chapinha ou Licoroso Caeté. A ressaca é feroz, e seu fígado acorda rugindo.
O AMOR É CEGO

Gente, olhem só que coisa sensacional o Rafa descobriu. Também não vou dizer o que é, mas não resisto a citar alguns versos. Sigam a bolinha imaginária e cantem com o Ruy:

Já faz tanto tempo que eu deixei
De ser importante pra você
Já faz muito tempo que eu não sou
O que na verdade eu nem cheguei a ser...

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 19

Albert Camus (1913-1960)

"Há crimes de paixão e crimes de lógica. O código penal distingue um do outro, muito comodamente, pela premeditação. Estamos na época da premeditação e do crime perfeito. Nossos criminosos não são mais aquelas crianças desarmadas que invocavam a desculpa do amor. São, ao contrário, adultos, e seu álibi é irrefutável: a filosofia pode servir para tudo, até mesmo para transformar assassinos em juízes.

Heathcliff, em 'O Morro dos Ventos Uivantes', seria capaz de matar a terra inteira para possuir Kathie, mas não teria a idéia de dizer que esse assassinato é racional ou justificado por um sistema. Ele o cometeria, aí termina toda a sua crença. Isso implica a força do amor e caráter. Sendo rara a força do amor, o crime continua excepcional, conservando desse modo o seu aspecto de transgressão. Mas a partir do momento em que, na falta de caráter, o homem corre para refugiar-se em uma doutrina, a partir do instante em que o crime é racionalizado, ele prolifera como a própria razão, assumindo todas as figuras do silogismo. Ele, que era solitário como o grito, ei-lo universal como a ciência. Ontem julgado, hoje faz a lei."

"(...) No momento em que o crime se enfeita com os despojos da inocência, por uma curiosa inversão peculiar ao nosso tempo, a própria inocência é chamada a justificar-se."

("O Homem Revoltado", introdução, 1951.)

16.8.02

NOTHING BUT A HOUND DOG

Sim, o puragoiaba também presta suas homenagens aos 25 anos da suposta morte de The Pelvis -que desde 1977 já foi visto em uns 300 mil lugares diferentes, inclusive vendendo garapa no Boqueirão (dizem). Claro que o Elvis circa 1956 não me interessa, mas sim aquele cara gordo, suarento e brega que cantava covers do Neil Diamond nos anos 70, em Las Vegas. Sem dúvida, esse é o rei. E, para provar que suas ligações com o submundo não se restringiam à letra de "Jailhouse Rock", aí está ele na péssima companhia de Richard "I'm not a crook" Nixon.

A propósito, eis um dos grandes mistérios da humanidade: por que todos, rigorosamente todos os sujeitos que participam de concursos de sósias do Elvis se vestem de acordo com a fase brega-Las Vegas do cara? Porque só gordos descerebrados participam desses concursos, porque o apelo do brega é universal ou porque Tostines está sempre fresquinho? Cartas para a redação.

15.8.02

MEUS CANASTRÕES PREDILETOS

Mais uma série inútil do puragoiaba, para passar o tempo e preencher espaço sem precisar escrever muito -ao mesmo tempo, horrorizando os meus leitores, se é que ainda sobrou algum.

Vamos começar em grande estilo:



Ricardo Montalbán (1920 - )

Sim, eu postei uma foto do gajo faz pouco. Mas essa roupitcha com que ele se expôs em "A Ira de Khan" é simplesmente um luxo. Combina com sua atuação, aliás. Ser canastrão nesse nível requer muita macheza e absoluta falta de senso de ridículo.

TAMBÉM OS ANÕES COMEÇARAM PEQUENOS

Não, o puragoiaba ainda não virou um blog de terror, mas está chegando perto disso. Hoje, vocês serão recebidos pelo "pequeño gigante de la canción", Nelson Ned, que é a cara do Brasil: ele também não cresceu nada nos últimos 20 anos. Ah, vocês torcem o nariz, seus sofisticados? Pois saibam que o García Márquez é fã dele (nada de espantoso num cara que acha o Fidel gente boa).

Desta vez, o slogan ("Jesus Thinks You're a Jerk") é um contraponto à mensagem do pequeno servidor de Deus ("Jesus Te Ama") e uma homenagem ao ídolo da minha amiga Sylvia Zappa. Não sou tão fã do Frank como ela, mas esse é um dos melhores títulos de música que conheço.
CRISE? QUE CRISE?

A economia está indo resolutamente para o brejo, mas os negócios da Goiaba's Enterprises vão sempre de vento em popa -é, quase igualzinho aos bancos brasileiros. E eu ataco nas duas frentes. Do lado capitalista, ganhando dinheiro com meu guru esotérico-empresarial Maharishi Mahavishnu Peghanabengha. E, do lado revolucionário, com o comuno-afoxé Filhos de Stalyn. Se você acha um saco essas manifestações anti-Alca, anti-FHC, anti-FMI e anti-PQP, chame o único afoxé do Brasil com consciência crítica (fora as mortalhas vermelhas, que são um luxo). Os slogans idiotas serão os mesmos, mas com muito mais suíngue.

14.8.02

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 18

William Shakespeare (1564-1616)

"To be, or not to be: that is the question:
Whether 'tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them? To die: to sleep;
No more; and by a sleep to say we end
The heart-ache and the thousand natural shocks
That flesh is heir to, 'tis a consummation
Devoutly to be wish'd. To die, to sleep;
To sleep: perchance to dream: ay, there's the rub;
For in that sleep of death what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause: there's the respect
That makes calamity of so long life;
For who would bear the whips and scorns of time,
The oppressor's wrong, the proud man's contumely,
The pangs of despised love, the law's delay,
The insolence of office and the spurns
That patient merit of the unworthy takes,
When he himself might his quietus make
With a bare bodkin? who would fardels bear,
To grunt and sweat under a weary life,
But that the dread of something after death,
The undiscover'd country from whose bourn
No traveller returns, puzzles the will
And makes us rather bear those ills we have
Than fly to others that we know not of?
Thus conscience does make cowards of us all;
And thus the native hue of resolution
Is sicklied o'er with the pale cast of thought,
And enterprises of great pith and moment
With this regard their currents turn awry,
And lose the name of action."

("Hamlet", 1599-1601, 3º ato. Todo mundo conhece o comecinho do solilóquio, mas o mais bonito é o que vem depois -tudo em perfeitos decassílabos, aliás. E não, o Hamlet não está segurando a caveira do Yorick -alas, poor Yorick!- nessa hora, porra.)
MISTICISMO EMPRESARIAL

Faz tempo que eu penso em comentar isso: deve haver poucas coisas tão espetacularmente babacas quanto esses "seminários internacionais" para executivos. Pelo menos, é o que se depreende da leitura de seus anúncios. Hoje, os jornais de São Paulo anunciam o seminário "The New Era of Competition", em que um sujeito com cara e sobrenome de indiano promete "estratégias revolucionárias para dominar o seu setor e antecipar as necessidades dos mercados e clientes". Clichês boçais, previsões infalíveis e chutes no saco da concorrência: que coisa meiga.

Não duvido da eficiência de uma tal estratégia, mas para arrancar dinheiro de trouxas engravatados terceiro-mundistas. Aliás, todos esses eventos costumam trazer "gurus" do marketing e da administração. Está certo: são todos uma espécie de Rhalah Rikota dos executivos. Estou até pensando em largar o blog, assumir um nome carregado de misticismo -digamos, Maharishi Mahavishnu Peghanabengha- e enriquecer com meus conselhos esotérico-empresariais. Fame and fortune, here I go...

RÁDIO GOIABA

A vida é Drury's (ou seja, um uísque de péssima qualidade), e a gente ganha o pão de cada dia com hectolitros de suor do rosto. Mas uma boa trilha sonora permite às Escravas Isauras uma existência razoavelmente feliz e produtiva. Hoje, a rádio Goiaba toca Cannonball Adderley e Dexter Gordon, dois saxofonistas dos bons tempos em que o jazz ainda não era uma espécie de masturbação musical -fim dos anos 50, começo dos 60. Vá ouvir "Somethin' Else" e "Go!" e jogue fora sua cartela de calmantes.
A VOLTA DO BEI DE TÚNIS

Vamos malhar mais um pouco o Baiano Meloso (sem link, que o mala não merece)? Vamos. Anteontem, desgraçadamente, ouvi no rádio uma música cantada por ele e por outro cara que não consegui identificar. A letra, ruinzinha e repetitiva, falava das "coxas gostosas" das mulheres na praia e afirmava que eram todas sereias para o olhar de "supremo tarado" do narrador.

Convenhamos: cantada por Baiano Meloso, a credibilidade dessa história fica abaixo de zero. Mais ou menos como se o Jamelão gravasse "Bambo de Bambu", da Carmen Miranda, ou outra coisa mais adequada ao repertório do Ney Matogrosso. Não dá.
NINGUÉM ME CHAMA DE BAUDELAIRE

Hoje vocês serão recebidos pelo bom e velho maudit Charles Baudelaire, numa das suas imagens em que a alegria de viver mais transparece. Ah, você acha que não? Então precisa ver a foto (do Carjat, se não me engano) que está na capa da minha edição d'"As Flores do Mal". O homem está quase rosnando e parece prestes a arrancar a orelha do fotógrafo.

12.8.02

GOOD OLD CLINT

Hoje o anfitrião é "Dirty" Harry Callahan, com sua Magnum 44. Sim, meu branco dos olhos é igualzinho ao do Clint Eastwood. E eu detesto armas, mas sou um pouquinho "dirty" de vez em quando. Especialmente quando me esqueço de lavar o umbigo.

Atualização, 13/8: Senhores, hoje Ricardo Montalbán (um dos meus canastrões preferidos) e Hervé Villechaize, vulgo Tattoo, são seus anfitriões. Bem-vindos ao puragoiaba.

60 ANOS DE CHATICE

Outro estratagema para driblar a falta de assunto é falar mal do Baiano Meloso. Nelson Rodrigues, quando não tinha o que dizer, divertia-se malhando Alceu Amoroso Lima e Hélder Câmara, assim como Eça de Queiroz descia o sarrafo no bei de Túnis.

Sim, cada um tem o "dr. Alceu" e o bei de Túnis que merece. Como o meu é o mala de Santo Amaro da Purificação, motivos para descer-lhe o pau (ooops) não me faltarão. Como vocês devem saber, Meloso completou 60 anos de chatice e fez saber que comemoraria a data com uma "festinha íntima", apenas para familiares. Pois a tal festinha íntima foi filmada e deve ser exibida em breve pela MTV. Ora, vá ser exibicionista assim lá na casa do chapéu -e, se é para ver "reality show" com popstar decadente, prefiro assistir ao Ozzy Osbourne mastigando um morcego. Com toda a sinceridade.

(Sempre é tempo para um péssimo trocadilho: não entendo o porquê desse alarde sobre os 60 do Baiano. Há muito tempo que ele 60 e gosta, hehehe.)

SEMPRE MELHORANDO PARA PIOR

Estou pensando em adotar o título desse post como lema definitivo do puragoiaba. Que diabo -não consigo ter uma idéia que preste para entreter os goiabaleitores (claro, algum espírito-de-porco dirá que isso não é novidade). Talvez eu apele e comece a fazer um diário com as coisas interessantíssimas que acontecem no meu dia. Mais ou menos assim: "16h30. Estou lendo 'The Penguin Book of French Poetry, 1820-1950'. Só Leconte de Lisle e Heredia, porque o dia está muito parnasiano." "17h. Paro a leitura para tirar sujeirinha do umbigo. A unha do mindinho ainda não está longa o suficiente. Cacetz." "17h15. Desisto do umbigo e decido ir à padaria comprar cerveja quente. Ouço Nelson Ned enquanto bombardeio ambos os sovacos com desodorante Avanço. Tudo passa, tudo paaassarááá."

10.8.02

HOW DEEP IS YOUR LOVE?

Sempre achei que um barbudão como o Barry Gibb cantando em falsete o refrão de "Stayin' Alive" era o máximo da boiolice goiabal setentista. De todo modo, os Bee Gees têm méritos (?) de sobra para ser meus "pingüins cover". Ficam aí por enquanto.

Atualização, 11/8: Para manter alto o nível de boiolice "seventies", vocês, leitores, serão recebidos pelos barbudinhos do ABBA e por suas então espôusas. "The winner takes it all..."

9.8.02

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 17

Millôr Fernandes (1924- )

"A rolinha do Piauí encontrou de repente o pardal de Brasília. 'Oba, oba!', exclamou o pardal de Brasília, 'você por aqui? Que bons ventos te trazem?' 'Vim só dar uma espiada', respondeu a rolinha do Piauí. 'Um caminhão ia passando na estrada, me deu uma vontade danada de dar um passeio, saltei na capota e lá vim eu! Cidadão, hein? Deve ser bacana viver por aqui!' 'Não é mau, não é mau', concordou o pardal de Brasília. 'Mas não é como na roça, no mato em que você vive. Lá você tem ar puro, minhoca fácil, os grãos todos ao alcance do bico, muita árvore pra brincar, água às pampas, tem tudo, na roça. E depois, quando vem o frio, tem os cavalos. O que eu tenho mais saudade é dos cavalos...' 'Bem, isso é verdade', assentiu a rolinha do Piauí. 'Na hora do frio não há como ter um bom cavalo por perto, esperar que ele satisfaça a sua necessidade quentinha pra nós podermos também nos aquecer tranqüilamente.' 'É', disse o pardal de Brasília, 'pra nós, da cidade, a grande falta é mesmo aquilo que os cavalos fazem. No inverno dá uma saudade...' 'Mas eu não compreendo bem que você sinta falta', disse a rolinha do Piauí, 'sempre ouço falar que aqui na cidade existem carros de 20, 40 e até 60 cavalos.' 'Ah, sim, é verdade', respondeu o pardal de Brasília, 'existem. Mas que é que adianta? Esses cavalos peidam, mas na hora de fazer uma boa bosta não fazem, não.'

Moral: não se vive de promessas."

("Os Flatos sem Conseqüências", uma das "Fábulas Fabulosas". Há bem mais aqui.)
REVELAÇÕES BOMBÁSTICAS 3

Tendo sido enganada pelo vigário no primeiro conto desse gênero de que se tem notícia, a mulher do padre tomou a providência que julgava correta: queixou-se ao bispo. O superior hierárquico do vigário ouviu tudo atentamente. Ao final, sentenciou: "Minha filha, essa é a maior sacanagem da paróquia".

(Mais revelações inúteis nos próximos posts. Isto é, se eu conseguir inventar um final para essa bobagem.)
PLUS ÇA CHANGE, PLUS C'EST LA MÊME CHOSE

E continua o grande rodizio Grupo Sérgio de "pingüim covers" aqui no puragoiaba. Ontem foi o super-herói mais representativo da América Latina, el Chapulín Colorado (já notaram que até os poderes dele -a marreta e as "pílulas do encolhimento"- são subdesenvolvidos?). Hoje, para fingir que sou sofisticado apesar da chinela Rider, lasquei um título de post em francês e uma foto do genial Cole Porter (vamos fazer uma legenda à moda da Folha: na foto, Porter é o que está à direita, tocando piano). Aproveitei o ensejo para pôr lá em cima o slogan mais cabotino desde que comecei este blog. É um verso de "Easy to Love", meninada; se eu fosse vocês, ouviria já essa música com a Ella Fitzgerald. Da introdução ("I know too well that I'm just wasting precious time...") à última nota, é de demolir um coração de pedra.

8.8.02

MOMENTO GOOGLE

Todo mundo já fez uma lista das coisas estranhas que as pessoas vêm procurar em seu blog por meio do Google. No meu caso, não há quase nada de surpreendente: veio gente aqui à procura de "pornochanchada", "Monique Lafond" (lembrete: descolar uma foto da vagaba para a minha seção "pingüim cover"), "Adele Fátima", "tradução da música de Lionel Richie", "I Never Cry Alice Cooper letra", "frases de sacanagens" (sic), "sacanagens em laboratório" (!) e "Hellmann's maionese" (sic, sic).

Nunca postei letras de Alice Cooper e Lionel Richie, mas tenho de admitir que elas combinariam com este blog; não é uma busca muito inusitada. Quanto aos últimos itens, talvez seja legal juntá-los e escrever frases sobre sacanagens com maionese Hellmann's em laboratório. Por favor, não mandem sugestões.
REVELAÇÕES BOMBÁSTICAS 2

Ainda não podemos revelar o nome do vigário que aplicou o primeiro conto. Mas já sabemos quem foi sua primeira vítima: a mulher do padre. Ela é sempre a última a chegar.

(Mais revelações nos próximos posts. Não deixem de perder!)
ALÍVIO IMEDIATO

Pausa para comentar os acontecimentos: dêem só uma olhada na foto abaixo, pós-acordo do Brasil com o FMI. Tanto Armínio Fraga, o sósia de Shakespeare, quanto Pedro Malan parecem ter acabado de se aliviar após quatro semanas com prisão de ventre. A cara de "ufa!" que eles exibem é qualquer coisa. (Claro: a grande cagada, na verdade, foi feita muito antes disso.)


REVELAÇÕES BOMBÁSTICAS 1

Não percam! Nos próximos posts do puragoiaba, as respostas para uma questão que intriga os brasileiros há séculos: quem foi o vigário que aplicou o primeiro conto? E quem terá sido a sua primeira vítima? Tudo isso -e muito mais- vocês lerão com exclusividade neste blog. Aguardem.

(Imaginem essas linhas aí em cima lidas por um misto de Datena, Roberto Cabrini e Ney Gonçalves Dias. Isso dará o tom adequado de sensacionalismo trash. Em breve, também citarei Clístenes e farei alusões ao "leito carroçável".)
A EXPECTATIVA DO MERCADO

Que coisa. Eu fico um tempão sem escrever e, mesmo assim, mais de 80 neguinhos vêm aqui todo dia dar uma espiadinha no nada. Bem, pode ser que os fãs da Rita Cadillac estejam turbinando os meus índices e multiplicando meus três ou quatro leitores, o que é muito bom para o moral, é bom-bom. Ou talvez o mercado, sempre nervosinho, esteja esperando um acordo da Goiaba's Enterprises com os investidores estrangeiros. Eu também estou -e nem precisa ser de US$ 30 bi. Quarqué dez dólar tá bom.
PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 16

Franz Kafka (1883-1924)

"Temos um novo advogado, o dr. Bucéfalo. Seu exterior lembra pouco o tempo em que ainda era o cavalo de batalha de Alexandre da Macedônia. Seja como for, quem está familiarizado com as circunstâncias percebe alguma coisa. Não obstante, faz pouco eu vi na escadaria até um oficial de justiça muito simples admirar, com o olhar perito do pequeno freqüentador habitual das corridas de cavalos, o advogado quando este, empinando as coxas, subia um a um os degraus com um passo que ressoava no mármore.

Em geral a ordem dos advogados aprova a admissão de Bucéfalo. Com espantosa perspicácia diz-se que, no ordenamento social de hoje, Bucéfalo está em uma situação difícil e que, tanto por isso como também por causa do seu significado na história universal, ele de qualquer modo merece boa vontade. Hoje -isso ninguém pode negar- não existe nenhum grande Alexandre. É verdade que muitos sabem matar; também não falta habilidade para atingir o amigo com a lança sobre a mesa do banquete; e para muitos a Macedônia é estreita demais, a ponto de amaldiçoarem Filipe, o pai -mas ninguém, ninguém, sabe guiar até a Índia. Já naquela época as portas da Índia eram inalcançáveis, mas a direção delas estava assinalada pela espada do rei. Hoje as portas estão deslocadas para um lugar completamente diferente, mais longe e mais alto; ninguém mostra a direção; muitos seguram espadas, mas só para brandi-las; e o olhar que quer segui-las se confunde.

Talvez por isso o melhor realmente seja, como Bucéfalo fez, mergulhar nos códigos. Livre, sem a pressão do lombo do cavaleiro nos flancos, sob a lâmpada silenciosa, distante do fragor da batalha de Alexandre, ele lê e vira as folhas dos nossos velhos livros."

("O Novo Advogado", 1919. Tradução de Modesto Carone)

5.8.02

QUANTO MAIS MUDA, MAIS FICA IGUAL

Sem tempo nem inspiração para postar, só me resta ficar mudando o slogan e o "pingüim" que fica em cima dos arquivos. Hoje é a vez de sir Winston Churchill, fazendo aquele sinal que ele usava para mostrar quantos litros de uísque bebera no café da manhã ("só dois, juro!"). O próximo passo será repetir meu post conceitual ("hein?"), incluir no blog um espaço para comentários e não escrever mais nenhum post, apenas comentários de comentários. Vai ficar muito pós-muderrrno, né não?

Atualização, 6/8: Sai o Churchill, entra o Simáfia. "Lassie, me traz aaalguééém..."

Atualização 2, 7/8: Sai o "Old Blue Eyes", entra a única bunda tombada pelo patrimônio histórico, Rita Cadillac.

4.8.02

O COLECIONADOR DE CACÓFATOS

Como vocês sabem, há colecionadores das coisas mais estranhas possíveis. Eu coleciono cacófatos -de preferência impressos e obrigatoriamente acidentais. Contribuições dos goiabaleitores à minha coleção são sempre bem-vindas. Eis meus preferidos:

* O peitinho de Camões: "Alma minha gentil, que te partiste..." (primeiro verso do Soneto 80).

* O título esmerdeado: "Mal da vaca louca ataca gado no MT" (publicado pela Folha alguns anos atrás).

* O calmante diurético: "Deixa pra lá, deixa pra lá/ Tome já Maracujina, que vem do maracujá" (jingle do calmante Maracujina cantado por Silvio Santos e seus jurados, ha-hai...).
PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 15

Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908)

"Mas é isso mesmo que nos faz senhores da terra, é esse poder de restaurar o passado, para tocar a instabilidade das nossas impressões e a vaidade dos nossos afetos. Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante. Não: é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes."

(Trecho de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", 1881)

AD IMMORTALITATEM

Volto ao assunto Paul Lapin só para dizer que ele nem precisava entrar para a Loucademia para ter sua imortalidade garantida. Para mim, o que o torna realmente imortal são letras como a de "Sou Rebelde", que ele fez para a Lilian ("eu sou rebelde porque o mundo quis assim..."). Ou "Eu Sobrevivo", versão de "I Will Survive" cometida por ele e cantada pela poderosa & absoluta Vanusa ("Agora sai!/ Vê que eu mudei/ Você não é mais/ Alguém que eu tanto admirei/ Tenho sonhos pra sonhar/ Tenho tanto amor pra dar/ Eu sobrevivo, eu sobrevivo..."). Sobretudo, o "mago" é o autor do genial manifesto "hominista" "Abaixo a Cueca", que Zé Rodrix gravou no final dos anos 70. Do sem-cueca ao com-fardão é mesmo um longo caminho, não?

3.8.02

Nova mudança de "pingüim cover" e de slogan, para combinar com o pianista megafruta e überbrega Liberace.

2.8.02

RODÍZIO DE "PINGÜIM COVERS"

O pessoal reclamaram (sim, concordância popular; pau na bunda do Pasquale) da substituição do pingüim-símbolo deste blog pelo hardcore brega Agnaldo Timóteo. Assim, vou fazer um rodízio à moda do Grupo Sérgio e substituir periodicamente meu "pingüim cover". Começamos com o gatíssimo Adílson Ramos, bregamaster pernambucano pouco conhecido no Sudeste, autor de "24 Horas de Amor" e "Não Seja Ingrata, Mulher". Mas, para que os numerosos fãs do Timóteo não reclamem, deixo aqui a linda capa do LP "Galeria do Amor" (ele parece estar cantando algo como "faaaz um filho nessa preeeta", não é, Boechats?).

MAIS IDÉIAS LUMINOSAS

Tenho também algumas sugestões de slogan, mas essas eu conto aproveitar por aqui. Talvez um dia eu ponha lá em cima a expressão latina "res, non verba" -porcamente traduzida, "fatos (ou coisas), não palavras". Acho, aliás, que todos os que gostam de escrever (mesmo que não saibam) deveriam adotá-la como lema.
QUE NOME DAREI AO MEU BLOG?

Então você também está a fim de escrever cretinices à vontade na internet e não sabe que nome dar ao seu blog recém-nascido? Não tema, com o Ruy não há problema! Eis algumas inteligentes sugestões, que ofereço gratuitamente aos internautas menos inspirados: a) "O Waldyr só faz merda", assinado por "Faxineiro revoltado". É imprescindível o uso de dáblio e ipsilone no nome da referida criatura sem costume. b) "Atende a campainha, Juvenal!", assinado por "Dona Bucetildes, espôusa do Juvenal". c) "Pau no cu do Juca", assinado por "Garoto Juca", o próprio.

Obviamente, nem é preciso que Waldyr, Juvenal e Juca sejam citados nos posts; isso dará a seu blog um ar de nonsense que pode até passar por inteligência. E o último dos nomes, é claro, permite infinitas variações, tão interessantes quanto gratuitas (por exemplo, "Pau na bunda do Lacan", "Pau no cu do Derrida", "Pau no cu de Jean-Paul Sartre" -e outros contêineres, franceses ou não, que sejam do especial desagrado do freguês).

1.8.02

SOLTANDO O TIMÓTEO

Pois é, resolvi tirar o Agnaldo Timóteo da geladeira, colocá-lo no lugar do pingüim e aproveitar a ocasião para cometer mais um péssimo trocadilho. Timóteo preenche à larga -e põe "larga" nisso- todos os requisitos necessários: cultura, elegância, bom gosto, pança proeminente e modos de gentleman. O slogan também mudou, para combinar com esse lindo paletó amarelo-canário.
PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 14

James Joyce (1882-1941)

"A few light taps upon the pane made him turn to the window. It had begun to snow again. He watched sleepily the flakes, silver and dark, falling obliquely against the lamplight. The time had come for him to set out on his journey westward. Yes, the newspapers were right: snow was general all over Ireland. It was falling on every part of the dark central plain, on the treeless hills, falling softly upon the Bog of Allen and, farther westward, softly falling into the dark mutinous Shannon waves. It was falling, too, upon every part of the lonely churchyard on the hill where Michael Furey lay buried. It lay thickly drifted on the crooked crosses and headstones, on the spears of the little gate, on the barren thorns. His soul swooned slowly as he heard the snow falling faintly through the universe and faintly falling, like the descent of their last end, upon all the living and the dead."

(Trecho final de "The Dead", em "Dubliners", 1914)



O SUMIÇO DO PINGÜIM

Pois é, o pingüim-símbolo do puragoiaba não aparece mais. Claro, quem mandou ser tecnocapivara e parasitar as imagens alheias? Paciência, vamos dar férias ao bichinho. Enquanto isso, tentarei substituí-lo por uma imagem condizente com a elegância, o bom gosto e a altíssima tecnologia desta birosca.