19.9.05

Vide verso meu endereço

Ruy Goiaba mal chegou e já saiu de novo? Pois é. Deixo a carreira solo para, mais uma vez, tocar na banda, em troca de duas mariola, um cigarro Yolanda, a excelente companhia do pessoal do Apostos (Alto Volta, Farsante, Márcio Guilherme, Naïf Gendarme, Passa o Sal e Rinoceronte) e um blogue repaginado (David e Igor, thanks a bunch). A partir de hoje, goiabices em nova casa: puragoiaba.apostos.com. Apareçam quando quiserem.

17.9.05

A solução pro nosso povo eu vou dar

Leio que o príncipe William vai se tornar presidente da federação inglesa de futebol. No Bananão, a importância desse tipo de cargo faz com que ele seja reservado a pessoas de notório saber e ilibada reputação, como Nabi Abi Chedid, Eduardo "Caixa d'Água" Viana e Ricardo Teixeira. Conclusão lógica, que une o melhor dos dois mundos: retomar a monarquia no Brasil e pôr Nabi ou Caixa d'Água no trono. (Pode ser o real assento ou a privada, tanto faz.)

16.9.05

Governo promove campanha "Sou da Apae"

Quando o Estado quer mostrar como é bonzinho, o meio que escolhe para isso, sobretudo no Brasil, é tratar os cidadãos como retardados. Funciona que é uma beleza, claro. Pense, por exemplo, no FGTS: se você possui artigos de luxo do tipo carteira-de-trabalho-assinada, é muito bom que o governo obrigue seu senhor Burns a separar, todo mês, um dinheirinho que pode servir para comprar casa própria sem recorrer ao pião do Silvio Santos, não? Not exactly: se você pudesse dispor da grana livremente, qualquer outra aplicação renderia mais que o FGTS. Concluo que o Estado -Grande Mãe que sempre sabe o que é melhor para nós- quer evitar que torremos nosso dinheiro em cachaça. A saída é entrar para a política e, como o Efelentífimo, obter autorização constitucional para torrar em cachaça o dinheiro dos outros.

15.9.05

Programas evangélicos são cool

Primeiro, porque as dramatizações são melhores que qualquer novela mexicana, com a possível exceção daquela em que a vilã usava tapa-olho e vestido longo combinando. Minha favorita é a do gordinho bicha que ameaça denunciar o namorado casado à família da mulher dele, embora eu não entenda como a crença em Edir Macedo pode resolver a sinuca-de-bico (ao contrário, só piora. Imagino o gordinho ligando e dizendo algo como "vou contar pra sua mulher que, além de viado, você é evangélico!"). Outra razão: ninguém ensina tão bem técnicas de jornalismo investigativo. Recomendo a qualquer estudante que largue a bosta de faculdade que está cursando e observe atentamente os pastores entrevistando o Tinhoso; aquilo vale por um Telecurso 3º Grau completo. Por último, fico fascinado com aquela história da "vigília dos 318 pastores" -não a coisa-em-si, mas a aparente arbitrariedade do número. Por que não cinco pastores, 274, 13.526, 27,5, 33 e 1/4? Afinal, Deus Filho disse que qualquer número de dois para cima estava valendo. Água do Jordão, água do Jordão, água do Jordão no cabeção, você vai ficar doidão.

14.9.05

Por que o mundo é um lugar insuportável?

Violência? Fome? Doenças? Catástrofes naturais? Jorge Dáblio Arbusto? Os discursos do Efelentífimo? Vendedores de pamonha às oito da manhã? Barulhinho de lixa de unha? Gente burra que procria? Nada disso. Descobri ouvindo a Kiss FM: o mundo é um lugar insuportável porque contém um número impressionante de pessoas que gostam sinceramente de Dire Straits. Gostam mesmo, juro -não são como eu e você, que temos ganas de metralhar o rádio aos primeiros acordes de "So Far Away". Sem falar no estímulo à proliferação dos vermes-de-ouvido-de-hard-rock-setentista-ruim: grave problema de saúde pública é essa gente suscetível que sai por aí cantarolando coisas do Blue Öyster Cult ou do Grand Funk Railroad. Eu, por exemplo. "Walk like a man..."

13.9.05

Notas irrelevantes

Estou quase desistindo de pôr linques para o All Music Guide. Não pelo site em si, que continua bom, mas pela propaganda de um outro sítio chamado Classmates -que se propõe, pelo que entendi, a encontrar aquele gordinho que estudou com você na terceira série B daquela escolinha em Zellewgoy, Texas, e você nunca mais viu. Sinto-me esteticamente ofendido a cada vez que vejo, nessa propaganda, o sujeito sorridente de mullets (o 2º da esquerda para a direita; esse banner é alternado com outro de um site de smilies, igualmente tosquinho). É como se a década de 80, além de se recusar a morrer, ainda tirasse uma da minha cara. Feladaputa.

*****

Estava quase me esquecendo de avisar: há um textículo meu no Morfina. Mas o site tem também coisas boas. Passeiem por lá.

12.9.05

Em louvor do profeta Mose Allison

"Your mind is on vacation and your mouth is working overtime."

Essa música tem mais de 40 anos, mas já se refere aos blogueiros.

9.9.05

Modesta proposta para o próximo milênio

Cobrar ingresso dos interessados em ingressar na carreira de escritor. A porta, estreita, seria guardada pelo leão-de-chácara ideal, um Joyce com tapa-olho e músculos de halterofilista. E ele expulsaria a pontapés quem não levasse pelo menos um quilo de literatura não-perecível. Melhor, só instalando um mata-burro.

8.9.05

What it means to miss New Orleans

Nem comentei por aqui a passagem de Katrina and the Waves pelo sul dos Euá. Bom, o que dizer de uma coisa dessas? Apenas que, em alguns casos, o furacão poupou gente gorda e, às vezes, talentosa. Felizmente, foi o que aconteceu com Antoine "Fats" Domino, cuja música -entre inúmeras nascidas e/ou criadas em Nova Orleans- é um bom motivo para transformar de vez este blogue numa espécie de jukebox. Então, aqui vai "I'm Walkin'", de 1958, para vocês baixarem: como sempre, basta clicar na nota.

7.9.05

Conseqüências das cólicas intestinais

E então Dom Pedrito, 183 anos atrás, apeou do seu cavalo para dar aquela cagadinha à beira do regato: o resultado foi este. "Você abaixa suas calças e a gente faz um país", a Marquesa de Santos cantava no ouvidinho dele. Rejoice, rejoice, we have no choice.

6.9.05

A verdadeira revolução bolivariana

Houve um Festival da Boa Vizinhança, tendo Chaves e Chapolim como temas, aqui em São Paulo no último sábado. Não fui porque achei que seria um evento humorístico muito menos engraçado que aquele "O Silêncio dos Intelequituais". Hoje, soube pela coluna da Mônica Bergamo que 8.000 pessoas compareceram, mas só 1.500 conseguiram entrar. Quem ficou de fora arremessou arroz, açúcar e farinha nos organizadores (alimentos davam direito a um desconto no ingresso), aos gritos de "gentalha, gentalha!". Humm. Que tal organizar o próximo festival lá no Palácio do Planalto?

(Adendo sugerido por eles: flash mobs de pessoas gritando "gentalha, gentalha!" em lugares estratégicos, como simpósios de sábios da USP, reuniões do petê, manifestações de invertebrados a favor do Efelentífimo, mesas de bar com escritores-marginais e blogueiros-progressistas, a fila do Espaço Unibanco, a Daslu e o Fasano. Com ou sem arroz, açúcar e farinha, conforme o caso.)

5.9.05

Frequently asked questions

"Por que você saiu de ? Cansou de vender perucas e fazer anúncio de desentupidoras?" "Não, de modo algum. Ser vendedor de perucas é um trabalho como qualquer outro; aliás, muito mais honrado do que ocupar a Presidência. Não tão bem remunerado, è vero, but you can't always get what you want." "Então foi porque você não podia sair à rua sem que a criançada o xingasse de 'nãolavete', 'arroz-integralista' and other suchlike defamatory epithets." "Ah, era meio chato mesmo. Não raro, alguns moleques arremessavam o conteúdo das fraldas em mim -era sempre como um bumerangue, voltava e fazia splash! na testa deles sem me atingir. Mas também não foi por isso." "Já sei. Você viu a luz e entendeu que um mundo melhor é possível. Passou a admirar a Marilena Shall-We e o Emir Chadê." "Deus me guarde e salve. Continuo achando que petelho bom é petelho morto e esfolado." "Andam dizendo que foi porque o Alexandre chamou Machado de Assis de preto." "Pas du tout. Afinal, Machado era preto -e o Alexandre pode chamá-lo até de fúcsia, que terá razão. Sou amigo e admirador dele e dos integrantes da velha confraria: happy few, band of brothers, fellows of infinite jest and of most excellent fancy. Fora a musa." "Então, por quê?" "Porque sim." "'Porque sim' não é resposta!" "Bem, para mim, é mais do que suficiente. Não tenho culpa se você vive no mundo de Beckham, amiguinho."

4.9.05

Música para animar seu domingão

"Our Prayer/Gee", duas-em-uma do maluco-beleza Brian Wilson. É a faixa de abertura de "SMILE" -assim mesmo, com essa caixa-alta enfática-, aquele disco que demorou 37 anos para ser concluído (well worth the wait, aliás). Termina meio abruptamente porque está emendada na segunda faixa, a clássica "Heroes and Villains", à qual serve de introdução. Tio Ruy recomenda a audição do álbum inteiro: é prescrição médica contra domingos nublados, quase tão boa quanto a receita do Jeeves contra ressaca. Bom proveito.

2.9.05

Aviso à praça

Estou vivo e bem. E feliz. Voltarei logo.

Enquanto isso, quem quiser bater um papo comigo pode recorrer ao ruygoiaba(at)gmail.com (substituindo, é claro, esse "at" por aquela arrobinha simpática). Até breve, senhoras e senhores.