18.12.01

THE PARTY’S OVER NOW

Respeitável público, o puragoiaba vai recolher a sua lona sujinha e esburacada e levantar acampamento por uns tempos. Vocês sabem (ou, se não sabem, supõem): o palhaço sempre tem uma mulher que grita a noite toda e se corta metodicamente com gilete, um filho ou uma filha que come lixo e se prostitui em troca de pedras de crack. Banalíssimo, como todas as atrações circenses que o mundo nos oferece. A distinta platéia nada tem a ver com isso -e, afinal, o palhaço é um profissional, embora precise se entorpecer de vez em quando para exercer o ofício.

Mas pausas são necessárias. É preciso torcer o pano de chão empapado de sangue e verificar se o filho está batendo os dentes e suando mais do que o habitual. Um dia o palhaço volta, como a Luísa Porto do poema do Drummond: ou nunca, ou pode ser, ou ontem. Só uma diferença: não há, decididamente não há, estrelas invisíveis. Nem nenhuma outra: a luz que nos chega delas adverte que já estão mortas há muito tempo.

Deixo abraços para algumas pessoas que, carinhosamente, me citaram ou se corresponderam comigo por e-mail e que eu até agora não havia “linkado”: Vanessa, Fábio, Blaise Dandi, GuiSid, Debis e, last but not least, Sergio Faria. Talvez eu esteja me esquecendo de alguém: se você é um deles, desculpe.

Au revoir, mes amis. Espero, apesar de tudo, que vocês se divirtam com o que ficou aí atrás (isto é, embaixo). Num canto, há um gramofone que ainda funciona e toca discos velhíssimos, inteiramente arranhados. Mas, se vocês escutarem bem, conseguirão ouvir o Noël Coward.

The thrill has gone, to linger on
Would spoil it anyhow
Let’s creep away from the day
For the party’s over now