3.10.02

NÃO VI E NÃO GOSTEI

Essa frase, atribuída ao Oswald de Andrade, sintetiza minha reação diante de coisas-que-estejam-na-moda (ou, em português castiço, hype). Basta que "todo mundo" esteja lendo um livro, ouvindo um CD ou vendo um filme para que meu cérebro emita um impulso que pode ser traduzido assim: "Deve ser uma merda! Não vou ver". Livro, CD e filme podem ser ótimos, mas não adianta. Esse impulso é mais forte que eu (e vivam os clichês).

É assim que me sinto, por exemplo, em relação a "Cidade de Deus", o filme. Pode ser que eu deixe de lado radicalismos e vá vê-lo, daqui a uns cinco ou sete anos. Mas acredito, desde já, que o melhor comentário sobre o gênero foi feito pelo "picareta ético" Agamenon Mendes Pedreira há alguns dias. Transcrevo trechos: "Desde 'Central do Brasil', o cinema-de-pobre-feito-por-rico inaugurou uma nova estética cinematográfica no Brasil. (...) Enquanto o cinemão americano de Holywood gasta milhões de dólares para construir cenários nababescos, o cinema neo-pobrista milionário brasileiro gasta uma grana preta para quebrar tudo e deixar a miséria bem bonita."