DO YOU SPEAK BEREGÜÊ?
Aproveitei meu sumiço para me dedicar a pesquisas lingüísticas. E descobri que, no Brasil, estamos evoluindo na direção de uma língua nova e revolucionária na sua simplicidade: o beregüê. Se você, leitor proletário deste blog, já pegou um ônibus quase vazio, em que o motorista e o cobrador ficam conversando entre si em voz alta, saiba: eles conversam em puro beregüê. Se você já se dirigiu a um peão de obra, também já o ouviu dizer algo parecido com "pede pro Zé" -só que em beregüê.
O beregüê, vagamente semelhante ao português (com alguma influência do nheengatu, dizem os especialistas), caracteriza-se, nas formas mais sofisticadas, pela abolição da maioria das consoantes e pela ausência de verbos. Mas não pensem que ele é característico das classes menos favorecidas: há numerosas variantes. Saibam, ditadores de uma suposta norma culta e opressores dos excluídos gramaticais: todos aqueles blogs com frases como "ele é muinto linduuuu, tô morrenduuu di paixaum hihihi", que vocês desprezam, são escritos em net-beregüê. Quando um economista diz que "a política de intervenções intrabanda será descontinuada", também se expressa num dialeto do beregüê. Há a variante gerundista ("quem não fizer isso vai estar se fodendo na minha mão"), a jurídica ("V. Exª, data maxima venia, não adentrou as entranhas meritórias doutrinárias e jurisprudenciais acopladas na inicial, que caracterizam hialinamente o dano sofrido") e muitas outras.
Mas a língua do futuro, arrisco dizer, é o beregüê "cowboy" -sem gelo nem verbos. Talvez eu faça aqui uma seleção das manifestações culturais em beregüê -na literatura, na música, no jornalismo etc. Elas apontam para o nosso futuro (ai ai ai de nós, como diria o PhD em beregüê João Bosco).
Aproveitei meu sumiço para me dedicar a pesquisas lingüísticas. E descobri que, no Brasil, estamos evoluindo na direção de uma língua nova e revolucionária na sua simplicidade: o beregüê. Se você, leitor proletário deste blog, já pegou um ônibus quase vazio, em que o motorista e o cobrador ficam conversando entre si em voz alta, saiba: eles conversam em puro beregüê. Se você já se dirigiu a um peão de obra, também já o ouviu dizer algo parecido com "pede pro Zé" -só que em beregüê.
O beregüê, vagamente semelhante ao português (com alguma influência do nheengatu, dizem os especialistas), caracteriza-se, nas formas mais sofisticadas, pela abolição da maioria das consoantes e pela ausência de verbos. Mas não pensem que ele é característico das classes menos favorecidas: há numerosas variantes. Saibam, ditadores de uma suposta norma culta e opressores dos excluídos gramaticais: todos aqueles blogs com frases como "ele é muinto linduuuu, tô morrenduuu di paixaum hihihi", que vocês desprezam, são escritos em net-beregüê. Quando um economista diz que "a política de intervenções intrabanda será descontinuada", também se expressa num dialeto do beregüê. Há a variante gerundista ("quem não fizer isso vai estar se fodendo na minha mão"), a jurídica ("V. Exª, data maxima venia, não adentrou as entranhas meritórias doutrinárias e jurisprudenciais acopladas na inicial, que caracterizam hialinamente o dano sofrido") e muitas outras.
Mas a língua do futuro, arrisco dizer, é o beregüê "cowboy" -sem gelo nem verbos. Talvez eu faça aqui uma seleção das manifestações culturais em beregüê -na literatura, na música, no jornalismo etc. Elas apontam para o nosso futuro (ai ai ai de nós, como diria o PhD em beregüê João Bosco).
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