31.7.03

WORK IN PROGRESS

Chega de sofrer com a angústia da influência do Padre Brown de Chesterton, do Don Isidro Parodi de H. Bustos Domecq e do genial Renato Telles. Resolvi desafiá-los e criar meu próprio personagem de romance policial, que tentarei desenvolver aqui no puragoiaba. Meu detetive já nasceu careca, com olheiras, casaca vermelha de lamê, cigarro na boca e copo de uísque ao alcance da mão. Passou 50 anos dentro de boates ("na penumbra, o mundo até parece um bom lugar" é sua frase predileta) e pode ser reconhecido pelo cheiro de cigarro a dois quilômetros de distância. Segundo a lenda, acompanhou Frank Sinatra no Sands e teve a honra de ver seu teclado vomitado por Dean Martin. Conhece como poucos os escuros desvãos da alma humana -sim, Homem-Chavão, é com você que estou falando- e resolve os casos mais insolúveis enquanto dedilha "All the Things You Are" pela milionésima vez. Ele é Ed Ney, o Pianista da Noite -essa improvável mistura de Inspetor Maigret com Pedrinho Mattar. Aguardem.