3.12.04

Sinceridade é uma coisa comovente

Graças à indicação de um amigo, fiquei conhecendo o blogue Cinema Brasileiro, a Vergonha de uma Nação! -sim, com exclamação e tudo. Na verdade, pelo que entendo, ele foi montado para divulgar uma mostra de filmes brasileiros trash na Sala Cinemateca de São Paulo. Pleonasmo, claro: os filmes da Botocúndia, xexelentos por definição, orgulham-se de usar short, revólver e chinelo de dedo e de jamais ser admitidos a um jantar com Cary Grant. (Quando tentam se sofisticar, é ainda pior. Não adianta o cinema brasileiro tomar banho e pôr um smoking: você sabe que ele vai dar vexame, beber a lavanda e peidar na farofa.)

Se é assim, por que vergonha? A mostra é um retrato do país tão fiel quanto o collant do ministro da Cultura -às vezes, melhor. Toda a produção cultural do Bananão, reunida, não chega aos pés do cartaz promocional de "A Mulher que Inventou o Amor", filme com a indefectível Aldine Muller: "Violentada no açougue, trocou a virgindade por quatro capas de filé". Como diria Paulo César Pereio, herói de nossa gente: "Porra, mas essa vagabunda nem pra levar filé mignon pra casa. É por isso que o Brasil não dá certo".