27.4.05

Décio Pignatari, lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá

Tenho um amigo que vive trocando os nomes e fisionomias de grandes vultos da cultura botocúndica e internacional. É um caso perdido. Ele costuma confundir, por exemplo, Mário Ferreira dos Santos com Adhemar Ferreira da Silva e já me perguntou se o Jello Biafra não era o cara que cantava "voar, voar, subir, subir". Mas há pelo menos um caso de justiça poética nessas confusões: até hoje, meu amigo acredita que Décio Pignatari é aquele jurado do Show de Calouros. Fico imaginando o concretista na bancada do programa do Patrão, entre Pedro de Lara e Sônia Lima, com sua boina, seu mau humor e suas citações extemporâneas de Saussure: impossível conceber sucessor mais indigno de Aracy de Almeida.

Muito melhor imaginar Décio Piccinini poetando. Dificilmente não sairia algo mais interessante que "poesia pois é poesia" ou aquele anúncio metalingüístico do Disenfórmio (remédio para caganeira, lamentavelmente sem efeito nos casos de concretismo crônico).