6.12.01

BANANADA DE GOIABA 3

Mais Monsueto? Pois não. Ele foi o cara que popularizou -se não inventou- o uso de "morar" como sinônimo de "perceber", desde "Mora na Filosofia", que é de 1955 (pois é, os roqueirinhos devem achar que isso era coisa da Jovem Guarda). É ele quem faz aquele vocal, digamos, dadaísta na primeira gravação de "A Tonga da Mironga do Kabuletê", de Vinicius e Toquinho -para mim, a melhor parte da música (sorry, poetinha).

E Monsueto também foi vítima de uma "sanitização" por parte de, ahn, luminares da MPB. Alayde Costa e Milton Nascimento gravaram, em 1972, uma versão desnecessariamente clean de "Me Deixa em Paz", primeiro sucesso dele.

Essa música com o Monsueto é outra história. Percussão fortíssima, trombone e corinho de lavadeiras. Nunca ouvi uma interpretação tão para cima de uma letra tão para baixo:

Se você não me queria, não devia me procurar
Não devia me iludir nem deixar eu me apaixonar
Evitar a dor é impossível
Evitar este amor é muito mais
Você arruinou a minha vida
Ora, vá, mulher, me deixa em paz


E isso é um carnaval, moçada. Se tocada num enterro, é capaz de fazer o defunto se levantar e sair sambando.