19.3.02

GOIABAS CONCEITUAIS

E eu perdi a oportunidade de participar da Bienal de artes plásticas. Pois é: também sou um artista conceitual, multimídia e performático. Criei a seguinte instalação: eu mesmo, sentado na frente do computador, vestindo um escafandro azul-royal, com pés-de-pato combinando. Sobre o terminal, meu pingüim de louça e uma tabuleta com uma citação de santo Agostinho ("Dai-me a castidade e a continência, mas não para já").

O que significa? Ora, a impossibilidade de ser casto diante dos apelos eróticos e cibernéticos do mundo contemporâneo. Ou a contradição entre nossas limitações corporais e intelectuais (daí o pingüim) e o desejo de mergulhar no mar de informações da internet (o que explica o escafandro). Ou a prova cabal de que o "artista" é um xarope. Ou tudo isso junto. Ou não.

Quer saber? Na verdade, há algo faltando. Vou fazer como o Tunga e contratar cinco mulheres para ficar dando voltas em torno da minha instalação. Peladas, é claro.

Sem sacanagem; afinal, é tudo conceitual.