HUMOR INDIGENTE
Depois de minuciosas pesquisas antropológicas, cheguei à conclusão de que um dos traços marcantes da personalidade do brasileiro, inacreditavelmente, jamais foi discutido por "ólogos" de qualquer espécie. Trata-se do que eu chamo de "humor indigente". Não pobre, vejam bem; nem, simplesmente, sem graça. É um humor que, de tão tosco, subdesenvolvido e terceiro-mundista, chega a ser comovente -e até engraçado.
Há abundantes exemplos de humor indigente para quem sintonize os canais da TV aberta. Mas este blog, consciente de seu papel na preservação do patrimônio histórico da cultura inútil, vai relembrar obras-primas da indigência humorística -dignas de ser fotografadas pelo Sebastião Salgado, mas que se perderam na poeira do tempo (oh!). Vamos a elas, portanto.
1) O saco do pobre. Martim Francisco, comediante já falecido, era um baixinho careca que interpretava o Padilha, personagem do programa do Jô Soares há uns vinte anos (aquele do "vai pra casa, Padilha!"). Do Padilha, é possível que algum ser paleolítico como eu ainda se lembre. Mas ninguém se recorda do quadro em que o Martim fazia um mendigo que circulava com um saco, gritando: "Ajude a encher o saco do pobre!". Alguém chegava perto e dizia: "Não tenho dinheiro, mas tenho uma carteira vazia. Serve?". Ao que o carequinha respondia: "Claro que serve. Carteira vazia é ótima para encher o saco do pobre". Genial, não?
2) O cantor da Costa Rica. Feliz é sinônimo de humor indigente. Alguns ainda devem se lembrar de suas intervenções como "imbecil do tempo" no telejornal (?) "Aqui Agora", sempre finalizadas por um "piririm, pororom!". Muitos anos antes, contudo, Feliz era uma das estrelas do programa de Moacyr Franco (outro deus do humor miserável) na TV Bandeirantes. Em um dos quadros, um show de calouros, Moacyr recebia um cantor de boleros -ninguém senão o nosso amigo Feliz, enrolando seu portunhol. O apresentador perguntava: "De onde você é?". Feliz virava de costas para a câmera, mostrava uma profusão de colares pendurados no seu paletó e explicava: "Costa Rica".
O que vocês acham? Não é mesmo um humor digno de figurar abaixo de Serra Leoa no IDH? Comovente, comovente...
Depois de minuciosas pesquisas antropológicas, cheguei à conclusão de que um dos traços marcantes da personalidade do brasileiro, inacreditavelmente, jamais foi discutido por "ólogos" de qualquer espécie. Trata-se do que eu chamo de "humor indigente". Não pobre, vejam bem; nem, simplesmente, sem graça. É um humor que, de tão tosco, subdesenvolvido e terceiro-mundista, chega a ser comovente -e até engraçado.
Há abundantes exemplos de humor indigente para quem sintonize os canais da TV aberta. Mas este blog, consciente de seu papel na preservação do patrimônio histórico da cultura inútil, vai relembrar obras-primas da indigência humorística -dignas de ser fotografadas pelo Sebastião Salgado, mas que se perderam na poeira do tempo (oh!). Vamos a elas, portanto.
1) O saco do pobre. Martim Francisco, comediante já falecido, era um baixinho careca que interpretava o Padilha, personagem do programa do Jô Soares há uns vinte anos (aquele do "vai pra casa, Padilha!"). Do Padilha, é possível que algum ser paleolítico como eu ainda se lembre. Mas ninguém se recorda do quadro em que o Martim fazia um mendigo que circulava com um saco, gritando: "Ajude a encher o saco do pobre!". Alguém chegava perto e dizia: "Não tenho dinheiro, mas tenho uma carteira vazia. Serve?". Ao que o carequinha respondia: "Claro que serve. Carteira vazia é ótima para encher o saco do pobre". Genial, não?
2) O cantor da Costa Rica. Feliz é sinônimo de humor indigente. Alguns ainda devem se lembrar de suas intervenções como "imbecil do tempo" no telejornal (?) "Aqui Agora", sempre finalizadas por um "piririm, pororom!". Muitos anos antes, contudo, Feliz era uma das estrelas do programa de Moacyr Franco (outro deus do humor miserável) na TV Bandeirantes. Em um dos quadros, um show de calouros, Moacyr recebia um cantor de boleros -ninguém senão o nosso amigo Feliz, enrolando seu portunhol. O apresentador perguntava: "De onde você é?". Feliz virava de costas para a câmera, mostrava uma profusão de colares pendurados no seu paletó e explicava: "Costa Rica".
O que vocês acham? Não é mesmo um humor digno de figurar abaixo de Serra Leoa no IDH? Comovente, comovente...
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