5.11.02

NOTAS ALEATÓRIAS SOBRE ASSUNTOS DESINTERESSANTES

1) Vi um daqueles outdoors de ônibus (em português quinhentista, busdoor) anunciando uma determinada marca de lingüiça como a preferida de Raul Gil. Sejamos sinceros: vocês comprariam uma lingüiça com o "selo de qualidade" de um cara que usa aquela tintura de cabelo disgusting? Que se apresenta todo estufado dentro de seus ternos de cores inacreditáveis, como mostarda-com-ervas? E que, certamente, só se refere ao produto usando aquele duplo sentido inteligentíssimo ("quem provou a lingüiça do Raul gostou, hahaha..."). Raul Gil é o non plus ultra da escrotice televisiva. Por isso mesmo, é um herói deste blog.

2) Coisas como Jorge Mautner, performances com leitura de poesia e o uso da palavra "alterrrnatchivo", separadamente, já me dão engulhos. Juntas, como no "Musikaos", podem provocar efeito semelhante ao de uma crise convulsiva. Para o bem de minha saúde, portanto, evito passar por esse tipo de experiência. Mas eis que, numa noite, meu controle remoto se deteve no programa. Ele mostrava uma banda piauiense chamada Narguilé Hidromecânico, cujo vocalista -franzino e vestindo o colete laranja dos garis da Prefeitura Municipal de Teresina- se agitava no palco gritando coisas como "O jumento é bom! O homem é ruim!". Cara, isso é ou não muito melhor que os tais tribalistas? É a verdade mais profunda já enunciada pela música brasileira: o jumento é bom. O homem é ruim. Pense nisso.