3.12.02

A VERDADEIRA MAIONESE

Apesar de Ruy Goiaba (1) não existir, há pessoas que insistem em querer descobrir sua "verdadeira identidade". Ah, gente ingênua -como se "verdade" e "identidade" não fossem ficções dessa frágil e fluida nebulosa que é o ego (desculpem -acabei de fazer um auto-exorcismo. Quando me dei conta do que escrevera na frase anterior, dirigi-me ao espelho, gritei "sai deste corpo que ele não te pertence!", e o espírito do Derrida foi embora. Voltamos à programação normal). Como para esse povo a "explicação Maguila" não parece suficiente (2), vou confessar, de uma vez por todas: eu sou a reencarnação do La Rochefoucauld (3). Isto é, esse era o plano original, que seria bem bacaninha -um aforista da corte do Rei Sol perdido nos trópicos. Só que, na hora da metempsicose, deu linha cruzada e entrou um Vicente Celestino no meio. O resultado é isto: Ruy Goiaba, a verdadeira maionese.

(1) Como Dadá Maravilha, adoro falar de mim na terceira pessoa. Mas não tenho solucionática para minhas problemáticas.

(2) Já contei aqui, mas repito. Um repórter aproximou-se do pugilista e perguntou: "Afinal, quem é Maguila?". Ao que o atleta respondeu, sem hesitar: "É eu, ué!". Quando inquirido dessa forma, também respondo que Ruy Goiaba é eu, ué.

(3) Ouço, ao fundo, o padre Quevedo gritando: "Isso non ecziste! É mentira!!!". Por favor, ignorem-no e acreditem em mim.