26.11.02

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 34

Bruno Tolentino (1940 - )

Tomo o café amargo
que me trouxeram; tomo-o
como se toma um símbolo
incompreensível, como

a vida de um só trago.
E acendo-me um cigarro
por não ter um cachimbo
como não tenho um carro

e não tenho um cachorro.
Foi atrás de um feitiço
ou por causa de um porre

que eu vim parar no Morro
do Encanto? Enquanto isso,
coração enfermiço,

nem te curas nem morres.


("O Estrambote do Morro do Encanto", em "Anulação e Outros Reparos", 1963/1998.)