MANUAL DE REDAÇÃO DO TIO RUY
Se você, amiguinho, escolheu ser jornalista, é por definição um caso perdido. Mas, se você ainda está em início de carreira -e, por favor, não tome essa expressão literalmente; dizem que estraga a cartilagem nasal-, é possível que seus dois neurônios, Hans e Fritz, ainda não tenham sido irreversivelmente deteriorados. Se é esse o caso, aqui vão algumas dicas estilísticas do tio Ruy: 1) Não use o adjetivo "seminal", a não ser em referências ao seu saco (e, eventualmente, ao dos leitores). Só os testículos são verdadeiramente seminais. 2) "Círculo íntimo" é cu. Nada mais, nada menos. Escrever que uma informação foi apurada "no círculo íntimo de Fulano de Tal" é deselegantemente proctológico, embora possa ter algo de verdadeiro se Fulano de Tal for o Agnaldo Timóteo. 3) Você não é Flaubert. Escrever um texto muderno e cheio de insights sobre os buracos da rua não vai torná-lo Flaubert. E que isso não seja entendido como uma defesa da mediocridade. É só prevenção contra a subliteratice, vício oposto e complementar ao do jornalismo-objetivo-e-sem-graça.
Se você, amiguinho, escolheu ser jornalista, é por definição um caso perdido. Mas, se você ainda está em início de carreira -e, por favor, não tome essa expressão literalmente; dizem que estraga a cartilagem nasal-, é possível que seus dois neurônios, Hans e Fritz, ainda não tenham sido irreversivelmente deteriorados. Se é esse o caso, aqui vão algumas dicas estilísticas do tio Ruy: 1) Não use o adjetivo "seminal", a não ser em referências ao seu saco (e, eventualmente, ao dos leitores). Só os testículos são verdadeiramente seminais. 2) "Círculo íntimo" é cu. Nada mais, nada menos. Escrever que uma informação foi apurada "no círculo íntimo de Fulano de Tal" é deselegantemente proctológico, embora possa ter algo de verdadeiro se Fulano de Tal for o Agnaldo Timóteo. 3) Você não é Flaubert. Escrever um texto muderno e cheio de insights sobre os buracos da rua não vai torná-lo Flaubert. E que isso não seja entendido como uma defesa da mediocridade. É só prevenção contra a subliteratice, vício oposto e complementar ao do jornalismo-objetivo-e-sem-graça.
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