30.4.03

PURAGOIABA = POSHLUST

Quem conhece os escritos de Vladimir Nabokov -e mesmo quem apenas leu algumas de suas entrevistas- sabe o que significa "poshlust". Esse termo russo, cuja transliteração mais correta para o inglês (segundo o próprio Nabokov) seria poshlost, serve para designar tudo o que é kitsch, ordinário e vulgar, mas se adorna com as pompas da "grande arte". Nas palavras do escritor, "poshlust is not only the obviously trashy but also the falsely important, the falsely beautiful, the falsely attractive". E mais, nesta entrevista à "Paris Review": "Corny trash, vulgar clichés, Philistinism in all its phases, imitations of imitations, bogus profundities, crude, moronic and dishonest pseudo-literature -these are obvious examples. Now, if we want to pin down poshlost in contemporary writing we must look for it in Freudian symbolism, moth-eaten mythologies, social comment, humanistic messages, political allegories, overconcern with class or race, and the journalistic generalities we all know".

Tudo isso para dizer, sem tradução mesmo (estou sem paciência para isso, desculpem), que "poshlust" seria o nome mais adequado para este blog. Na verdade, devo confessar que "puragoiaba" não é senão uma transcriação concreto-tropicalista desse termo -o que é, evidentemente, mais um glorioso sintoma de "poshlust".