O ano passado em Maringá
Queria escrever um roteiro cinematográfico que misturasse nouveau roman com a nobre tradição do cinema nacional. O filme resultante já nasceria podre de velho e, portanto, teria mais chances de obter verba pública. Por enquanto, só idéias esparsas. A voz de um narrador que repete infinitamente aquela fala do Roberto Bonfim em "Fulaninha" ("e você é um cineasta de meeerda, que fica atrás de uma menina que não tem nem penteeelho... cineasta de meeerda... não tem nem penteeelho.... meeerda... penteeelho...") enquanto a câmera passeia lentamente pelos suntuosos detalhes arquitetônicos de um bordel em Goio-Erê. Um ambiente repleto de mulheres mijando em silêncio. Uma paisagem de mandacarus que não fazem sombra. Pereio como X, o Estranho, Monique Lafond como A, a Mulher, e Jonas Mello como M, o Marido. Nelson Gonçalves como música de fundo. Cinco minutos de close na cara de Jofre Soares chupando um fiapo de manga entre os dentes. São idéias tão geniais que o filme nem precisa se dar ao luxo de ser produzido -a mim basta o financiamento.
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