28.12.04

O Seinfeld de Sínope

(Diógenes, o stand-up comedian, anda de um lado para outro do palco, vestindo apenas seu barril.) Então, Platão era um cara meio esquisito. Um dia ele veio com esse papo de que o homem era um bípede implume. Bom, todo dia eu passo na frente da padaria e, dentro da televisão-de-cachorro, vejo um monte de bípedes implumes sendo assados. Todos sem cabeça, iguaizinhos a vocês, seus canibais degenerados (tum-tá-tá-tá-tum-pá). Se bem que, para o Platão, não devia ser nada desagradável viver com um espeto no rabo, hahaha (tum-tchi-tum-tchi-tum, trrrrrr-pá). (Ninguém ri. Ele ilumina com sua lanterna uma mulher da platéia.) Ei, o que há? Por que essa cara séria? Alguma coisa contra o meu barril, honey? (Põe a mão direita dentro do barril.) Ah, você não sabe como está gostoso aqui dentro. (Risinhos forçados.) Uma vez minha mãe me pegou jogando cinco-contra-um. Pois é, constrangedor. Tentei alegar que a masturbação era uma invenção maravilhosa. No duro -e põe duro nisso, hahaha. (Silêncio.) Eu disse, "que maravilha se esfregar a barriga com as mãos já matasse a fome". Fiquei três dias sem almoço. "Esfregue a barriga para ver se a fome passa", dizia minha mãe. Por isso eu sou um filósofo cínico: só me fodi sozinho a vida inteira (rá-tá-tá-tá-tum-pá).