17.2.03

A MPB COMO CASO DE POLÍCIA

Não sei se vou desenvolver a idéia, mas ando pensando num romance policial que aproveite em seu enredo a gloriosa música popular brasileira e sua plêiade de figuras geniais. A personagem principal será uma detetive culta, charmosa e dura-na-queda, com idade em torno de 40 anos e que, fã de Debussy e Schönberg ("antes do dodecafonismo", esclareceria, entre goles de bourgogne), não suporta MPB. Ela é obrigada a largar seus romances de Thomas Mann para ir ao encalço de um sujeito que, em pouco menos de um mês, extirpou a língua de Baiano Meloso, explodiu a sede da gravadora Trama e empalou o sempre sorridente Nelsinho Motta com um banner dos Tribalistas.

Depois de seguir algumas pistas falsas, como supostas mensagens ocultas nas canções de Carlinhos Brown, a detetive descobre que o assassino compartilha seu amor por música erudita e fica dividida entre a repulsa pelo criminoso e a admiração por seu senso estético. O clímax será o cerco ao matador em plena Convenção Internacional dos Imitadores de Ivan Lins, que ele pretende levar pelos ares. Nossa heroína terá de suportar a pior tortura auditiva da sua vida e capturar o facínora em meio a 10 mil Ivan Lins lookalikes -inclusive Chick Corea e Daniel Azulay- martelando seus pianos Yamaha e cantando "na Nicarááágua, capital Manááágua". O que ela deve fazer? Prender o "maníaco da MPB" ou juntar-se a ele? Sugestões para o goiabamail.