8.4.03

VOCÊ É O QUE VOCÊ COME

Pense na literatura universal como um grande supermercado. Você dentro de um Pão de Açúcar literário, com dinheiro para gastar em livros fresquinhos. Obviamente, a grana não dá para comprar o supermercado inteiro; contudo, ela é suficiente para encher seu carrinho. Você circularia várias vezes por entre as gôndolas, hesitaria na hora de decidir entre um autor e outro ("este Shakespeare está cheirando bem, aquele Byron parece meio rançoso"), mas se abasteceria. E voltaria ao supermercado dali a uma semana ou um mês, dependendo do apetite. Por que, então, certas pessoas vão sempre à mesma empoeirada prateleira dos vinhos Chapinha e escolhem uma garrafa de Bukowski ou John Fante? Isso não enche o carrinho, não mata a fome e, caso vocês não saibam, dá uma literocaganeira filhadaputa.