14.6.03

SOMOS TODOS DERCYS

Guilherme Balançalança dizia que o mundo é um palco. Cartola, por sua vez, argumentava que é um moinho, que tritura nossos sonhos tão mesquinhos, reduz as ilusões a pó etc. Já a dona Maricota, que também leu McLuhan, acha que o mundo é uma aldeia global (plim-plim). Eu tendo a concordar com as chanchadas da Atlântida, segundo as quais este mundo é um pandeiro. Por afinidade eletiva e porque a gente vive levando no couro, mas isso não vem ao caso: é do "all the world's a stage" que quero falar.

Se este planetinha é mesmo um palco, há quem ache que a peça aqui encenada é péssima -longa e tediosa em muitos pontos, curta demais em outros e sempre incompreensível, o que presume um Ser Supremo feito à imagem e semelhança do Gerald Thomas. Isso é injusto, dizem os defensores do Grande Diretor. Primeiro, dá um trabalho cão ensaiar um elenco de 6 bilhões de pessoas. Depois -e sobretudo-, elas têm liberdade para criar o próprio texto e incluir "cacos" à vontade. Let's face it: somos 6 bilhões de Dercys Gonçalves. As possibilidades de sucesso são remotíssimas -ou, traduzido para o derciês, "esta merda só pode dar errado, porra".