3.6.03

ADAPTAÇÕES FOR DUMMIES

O sítio de Millôr Fernandes (ou saite, como ele prefere) cita, a pedido do "teleitor Santiago", a adaptação que o dramaturgo Tom Stoppard fez de "Hamlet" -reduzindo as mais de três horas de encenação da peça de Shakespeare a 15 minutos. Melhor: depois desses 15 minutos, há um bis em que a peça é reencenada em apenas dois. O próprio Millôr, que jamais se deixaria passar para trás, tem um "pocket Hamlet" encenável em apenas 20 segundos:

ATO I
(Entra Hamlet com o crânio de Iórique na mão.)
Hamlet: Ser ou não ser.

ATO II
(Cai Hamlet.)
Horácio: O resto é silêncio. (Morre.)

Ora, quem há de negar que esse é o tipo de encenação, ou de leitura, ideal para este mundo moderninho em que vivemos? Chega desse negócio trabalhoso e pouco compensador de ler os clássicos, como propõem meus caríssimos Paula Foschia e Polzonoff: muito melhor é adaptá-los para que possam ser lidos em menos de 30 segundos. E já contribuo com algumas versões de minha lavra.

"O Processo", Franz Kafka:
Certamente alguém caluniara Josef K. Ele nunca soube do que o acusavam. Morreu como um animal.

"Grande Sertão: Veredas", João Guimarães Rosa:
Nonada. O diabo na rua, no meio do redemunho. Travessia.

"Crime e Castigo", Fiódor Dostoiévski:
Mata a véia, mata.

Obras completas dos Campos Brothers e de Néscio Pugnetari: