2.6.03

POLITITICA E ASSEMELHADOS

Vem cá: por que só cineastas como K.H. Diegues e outros afiliados à máfia do Barretão obtêm subsídio para a produção de matéria orgânica? Eu também quero para mim o dinheiro tungado do seu contracheque, leitor. E sabe por que eu o mereço? Porque o blog já é minha contrapartida social. Facílimo provar: enquanto você está lendo o puragoiaba, não está assaltando, cheirando cola, fazendo os filmes do Babenco ou escrevendo os livros da Fernanda Iângui. Além disso, o puragoiaba é reciclável (duvida? É só conferir meus posts antigos), não emite monóxido de carbono e não prejudica a camada de ozônio. Agora me dá um dinheiro aí, seu Miyagi.

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Paulo Polzonoff mencionou, há pouco tempo, a existência de um sindicato de escritores. Ótima iniciativa: com ela, acabam as intermináveis discussões para decidir se Fulano é ou não um escritor. Basta ao referido Fulano sacar do bolso sua carteirinha, com os dizeres ES-CRI-TOR ao lado da foto 3 x 4, e pronto. Não precisa ter livro publicado, nem sequer precisa saber ler. Penso, contudo, que para ser eficaz de verdade o sindicato deveria punir quem se atrevesse a escrever -em livro, blog, guardanapo de papel etc.- sem ser sindicalizado e sem pagar a, ahn, "contribuição" confederativa. Mais ou menos como fizeram com o Joseph Brodsky na antiga União Soviética. Os camaradas é que sabiam das coisas.

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Vocês devem conhecer a frase mais famosa de "O Leopardo", romance de Giuseppe Tomasi di Lampedusa (leiam, leiam, vale a pena): "É preciso que tudo mude para que tudo continue como está". Ela é dita por Tancredi a seu tio, o príncipe Fabrizio, como um exemplo de Realpolitik na época da unificação italiana. E tem múltiplas aplicações. Este blog, por exemplo, mudou para ficar exatamente como estava. Por outro lado, às vezes é preciso que tudo fique como está para ficar como está -especialmente nos domingos pela manhã, quando eu desligo o despertador, tiro o telefone do gancho e afundo a cabeça no travesseiro. Já o nosso querido presidente argumenta que é preciso ficar tudo como está para que tudo mude. Honestamente, não sei o que é pior.