19.8.03

A POLÍCIA ESTÉTICA PAVLOVIANA

Honestamente, não entendo por que o fato de Gerald Thomas exibir o derrière para espectadores descontentes com sua, ahn, "desconstrução" de "Tristão e Isolda" está causando tanta controvérsia. Mostrar a bunda é uma atitude perfeitamente coerente com as idéias e o estilo argumentativo do diretor -e, se ele separasse as nádegas com as mãos, veríamos com clareza uma síntese do seu teatro (lembrem-me, a propósito, de escrever aqui sobre o "Calipígio", diálogo perdido de Platão em que Sócrates demonstra a Crítias e Eutidemo a irrefutabilidade filosófica da exposição bundal). O que é necessário, mas ninguém tem coragem de implementar, é uma polícia estética com métodos pavlovianos. Mais ou menos assim: Gerald leva um choque elétrico sempre que tenta tocar numa obra de Richard Wagner. José Celso Martinez Corrêa leva outro choque ao se aproximar de Euclides da Cunha. E por aí vai. Posta em prática, essa idéia significaria o fim do puragoiaba -só com as fotos que coloquei no blog, eu já teria sido eletrocutado- e, sem dúvida, um bem para a humanidade.