20.3.04

Crítica de cinema e doutora da igreja

Não pretendia falar aqui sobre aquele filme do Mad Mel que, segundo o "Guardian" , conta uma história bastante parecida com a de "A Vida de Brian", mas está longe de ser humorístico. Não vou assistir a ele nos próximos dias -temo entrar, por engano, na fila da igreja do Edir Macedo-, e o assunto já deve ter sido comentado por uns 2.756 blogues. Quero, porém, aproveitar o "gancho" para falar sobre Isabela Boscov, moça que escreve sobre cinema na "Veja" e concorrente desleal deste blogue; a concentração de goiabice por centímetro quadrado nos textos dela é impressionante.

No meio jornalístico, há uma piada clássica referente aos editoriais do "Estadão". Conta-se que, tempos atrás, foi publicado um que começava assim: "Há muito tempo vimos advertindo a Casa Branca...". Não sei se o Jorge Dáblio Arbusto da época deu ouvidos aos sábios conselhos dos Mesquitas, mas em verdade vos digo: Isabela transformou a piada em realidade. No início de março, um texto dela sobre o filme de Mad Mel continha o seguinte trecho: "Em mais uma atitude desastrada, o que prova a falta de comando na Igreja, o Vaticano se manifestou por meio do arcebispo John Foley, presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais. Ele disse que não vê elementos anti-semitas em 'A Paixão de Cristo'. Parafraseando Jesus, Foley não sabe o que faz".

O pessoal do Vaticano é mesmo muito burro. Não entendo como eles ousam desconsiderar a sabedoria teológica da moça, essa mistura perfeita de doutora-da-igreja com fã-de-"Matrix". Ah, sonho com o dia em que Isabela Boscov se torne papisa. Finalmente, a Igreja Católica terá um comando -e quem sabe ela pare de escrever bobagens sobre cinema. Oremos, irmãos.