Seleções do Ruyder's Digest
Preciso confessar: aquela história de que só leio encartes de CDs é mentira. Sei que isso é abjeto, mas admito que sou um daqueles "feladaputa que lê livro" (e minha coleção de discos não tem só Agnaldo Timóteo -rola um Nelson Ned às vezes). Tenho até alguma experiência em comprar livros e estou disposto a partilhá-la com vocês, uma vez que fracassos podem ser instrutivos. O velho fascista Ezra Pound, em mil novecentos e bolinha, já dava a dica: como é impossível ler tudo, não perca tempo e dinheiro com bobagens, faça seu paideuma só com os inventores e os mestres. Sigo essa orientação à risca -o que me poupa de penar com os poemas do próprio Pound. (Gostaram da aliteração? Trepa, Haroldo, siri tá no Pound, eu também sei tirar o cavaco do Pound.)
Entendo, porém, que dicas mais detalhadas sejam necessárias. Se você está perdido numa dessas megalojas, cansou de comprar eletrodomésticos e achou que seria bacana levar um livrinho para casa, mas não sabia qual, siga as recomendações listadas abaixo.
1) Dê uma boa fuçada nas estantes de auto-ajuda. Não, você não leu errado. É só contar com o analfabetismo funcional do pessoal que as organiza. Como já escrevi aqui, podem-se encontrar os sete volumes de "Em Busca do Tempo Perdido" entre os Japachiques e o último livro da Lya Luftal (copyright de Alexandra, a Nibelunga). Há também "A Montanha Mágica", história do sucesso de um rapaz alemão na luta contra a tuberculose, e "Lolita", lindo livro que mostra que as diferenças de idade não são obstáculo para o amor.
2) Evite comprar livros da Conrad. Se saiu por essa editora, não pode ser bom -é como água e azeite, Ingmar Bergman e Paulo César Pereio, livros da Brasiliense nos anos 80 e boa literatura, essas substâncias que nunca se misturam. Vá por mim. O mesmo vale para qualquer coisa publicada pela Fundação Perseu Abramo.
3) Fuja, correndo e gritando, de livros-escritos-por-gente-que-tem-blogue. Pelo amor de Deus. As pessoas só têm blogues porque são analfabetas, disléxicas ou as duas coisas juntas (como é meu caso). Blogueiros que publicam livros somam a chatice a essas duas qualidades -e dá-lhe spam, banner, autopromoção desenfreada e o cazzo-a-quatro para que você compre o maldito livro. Na cabecinha dos "escritores de internet", "escrever livros" confere um status social superior a "escrever em blogue" e ainda ajuda a disfarçar a caspa e o mau hálito. Ora, francamente. (Eu ia dizer que há exceções. Não vou. Assim é mais divertido.)
4) Por último, mas importantíssimo: jamais compre livros de escritores que se deixem fotografar descalços. Está cientificamente provado: em 100% desses casos, não há hipótese de o livro não ser uma caca. Você já viu alguma foto de James Joyce descalço? William Butler Yeats na banheira, com os pés para cima? Jorge Luis Borges exibindo seus joanetes? Claro que não. Então, amigo escritor, trate de calçar os sapatos se quiser que eu compre algum livro seu. Não, nada de sandálias Havaianas: sapatos, s'il vous plaît. Poupe-nos da visão grotesca das suas extremidades inferiores.
Entendo, porém, que dicas mais detalhadas sejam necessárias. Se você está perdido numa dessas megalojas, cansou de comprar eletrodomésticos e achou que seria bacana levar um livrinho para casa, mas não sabia qual, siga as recomendações listadas abaixo.
1) Dê uma boa fuçada nas estantes de auto-ajuda. Não, você não leu errado. É só contar com o analfabetismo funcional do pessoal que as organiza. Como já escrevi aqui, podem-se encontrar os sete volumes de "Em Busca do Tempo Perdido" entre os Japachiques e o último livro da Lya Luftal (copyright de Alexandra, a Nibelunga). Há também "A Montanha Mágica", história do sucesso de um rapaz alemão na luta contra a tuberculose, e "Lolita", lindo livro que mostra que as diferenças de idade não são obstáculo para o amor.
2) Evite comprar livros da Conrad. Se saiu por essa editora, não pode ser bom -é como água e azeite, Ingmar Bergman e Paulo César Pereio, livros da Brasiliense nos anos 80 e boa literatura, essas substâncias que nunca se misturam. Vá por mim. O mesmo vale para qualquer coisa publicada pela Fundação Perseu Abramo.
3) Fuja, correndo e gritando, de livros-escritos-por-gente-que-tem-blogue. Pelo amor de Deus. As pessoas só têm blogues porque são analfabetas, disléxicas ou as duas coisas juntas (como é meu caso). Blogueiros que publicam livros somam a chatice a essas duas qualidades -e dá-lhe spam, banner, autopromoção desenfreada e o cazzo-a-quatro para que você compre o maldito livro. Na cabecinha dos "escritores de internet", "escrever livros" confere um status social superior a "escrever em blogue" e ainda ajuda a disfarçar a caspa e o mau hálito. Ora, francamente. (Eu ia dizer que há exceções. Não vou. Assim é mais divertido.)
4) Por último, mas importantíssimo: jamais compre livros de escritores que se deixem fotografar descalços. Está cientificamente provado: em 100% desses casos, não há hipótese de o livro não ser uma caca. Você já viu alguma foto de James Joyce descalço? William Butler Yeats na banheira, com os pés para cima? Jorge Luis Borges exibindo seus joanetes? Claro que não. Então, amigo escritor, trate de calçar os sapatos se quiser que eu compre algum livro seu. Não, nada de sandálias Havaianas: sapatos, s'il vous plaît. Poupe-nos da visão grotesca das suas extremidades inferiores.
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