14.7.04

Falem mal, mas falem de nós

Está sendo divertido contemplar o espetáculo de ressentimento -sim, demorou um pouquinho, mas claro que aconteceu- provocado pelo lançamento do livro dos Wunderblogs e pela repercussão bastante positiva que ele tem tido até agora. Um se remói de inveja por termos ganho capas de cadernos culturais enquanto sua revistinha digital, com seis anos de existência, é ignorada, com ou sem solenidade; outra tenta dar argumentos à dor-de-cotovelo com sentenças do tipo "blogue é blogue, livro é arte" -o que confere a coisas como o Código Penal, "Minutos de Sabedoria" e "As Trocentas Maneiras de Enlouquecer um Homem na Cama" o estranhíssimo estatuto de "arte". Tenho sincera pena do fígado dessa gente; o pobre órgão deve padecer muitíssimo.

Mas a manifestação mais engraçada veio de um sítio menos freqüentado que o portal dos Wunderblogs e que tem um nome peculiar, Diminutivo Genital ou algo assim. O mancebo responsável conseguiu publicar a primeira não-crítica ao nosso livro -de fato, nem uma vírgula do conteúdo da obra é comentada no texto, que prefere martelar as batidíssimas teclas de "olavetes" e "neodireita" e avisa ao distinto público que não somos santos.

Bem, quem me lê sabe que, como poeta concretino autor da obra-prima CÚ e chegado a uma boa fodelança, nunca fui santo mesmo. Curioso é que o próprio rapaz do Diminutivo, no ano passado, não se preocupasse com isso, a ponto de surrupiar posts daqui e publicá-los sem minha autorização (só a pediu depois do fato consumado; dá na mesma). Não creio que alguém com esse tipo de credencial moral esteja habilitado a avaliar a "santidade" de quem quer que seja. Só espero que ele não precise mais roubar textos da "neodireita" para tentar ganhar um pouco de audiência.