13.12.04

A prova dos bofes

Há aqui em São Paulo, na rua da Consolação, uma casa dividida meio a meio entre uma boate gay e uma oficina mecânica, o que torna impossível ler a placa "limpeza de bicos injetores" -que está sobre a porta da oficina- sem pensar bobagem. Pois bem: a boate anuncia a realização, neste fim de ano, de uma "São Silvestre gay".

Para começar, não consegui entender se eles queriam se referir à prova de atletismo ou a algum santo bicha (como o Chesterton dizia que "every conceivable sort of man has been a saint", deve ter havido pelo menos um; eu apostaria em São Sebastião ou no São Nunca daqueles comerciais da Ford). Mesmo assinalando a hipótese mais razoável, a da corrida, muitas dúvidas persistem. Há, por acaso, alguma restrição legal ou física à participação de gays na corrida original? Todos os efebos competem pelados, como na Grécia antiga? Requebram, como na marcha? Correm 24 quilômetros de ré? E se eu, na minha condição terrivelmente desvantajosa de heterossexual zero-Kinsey, quiser competir nessa prova? Serei barrado, discriminado, se passar no teste da farinha?

Sei lá. Talvez não seja nada disso, e a "São Silvestre gay" não passe de uma prática sexual que desconheço -provavelmente, envolvendo bicos injetores e mecânicos suados, sujos de graxa. Ai, que loucura. (Se você sabe o que é, por favor, não me conte.)