19.3.05

Diálogos com o crítico retardado (2)

- Crítico retardado, fale um pouco dos seus gostos musicais.
- A música mudou minha vida. Hoje de manhã, por exemplo, eu estava ouvindo os Libertines, a melhor banda de todos os tempos, e eles mudaram minha vida. No começo da tarde, fiquei escutando Franz Ferdinand, outra melhor banda de todos os tempos, e eles também mudaram a minha vida. O problema é que agora são 15h e eu ainda não consegui entrar no site da NME para saber qual é a nova banda seminal, melhor de todos os tempos, que vai mudar minha vida. (Começa a tremer.) Síndrome de abstinência, olhe só.
- Se não me engano, uns dez anos atrás, você achava que o Supergrass era a salvação do roque. Lembra deles?
- O passado não existe. E, se existir, não interessa. Próxima.
- Para você, "música" e "roque" são a mesma coisa? Nem suspeita que possam existir outros tipos de música, como a clássica?
- Ah, ninguém ouve esse negócio aí. Mozart, Pavarotti, são todos uns caras que morreram há 500 anos. É música de velho. Só gente metida a inteligente, erudita etc. finge que gosta dessas coisas.
- Ninguém pode gostar de verdade de Bach, então?
- Nenhum dos meus amigos gosta, ora. Você conhece alguém? Eu só escuto a Cultura FM quando vou ao dentista, ha-ha-ha.
- Você e seu dentista deveriam trocar de profissão.
- Como assim? Eu não fiz odonto. Não entendi.
- (*suspiro*)