9.3.05

Piada velhíssima revisitada, com moral

Dizem que o sujeito financeiramente prejudicado foi à casa de tolerância e passou um longo tempo olhando o cardápio do lugar (longo parêntese digressivo: é mais divertido escrever casa de tolerância, que parece um clichê extraído das histórias do José Cândido de Carvalho, do que puteiro. Desdobro a digressão: foi o Catarro Verde que contou aquela história atribuída ao José Dumont? O ator foi fazer um filme no chamado Brasil profundo e conheceu uma, ahn, casa de tolerância diante da qual se lia esta tabuleta: "Infelizmente não trabalhamos com cu. A Gerência". Fim do parêntese). Enfim, o freguês estava olhando o cardápio e quase todas as opções eram muito caras -a única despesa com que ele podia arcar era "sacanagem", que custava doirreal. Quis saber onde era o lugar da sacanagem; passaram-lhe as coordenadas. Era preciso subir e descer infinitos lances de escada, rastejar por desvãos, entrar em buracos, escalar paredes, pisar em brasas, passar por um corredor polonês etc. etc. Quando, quatro horas e vinte e três minutos depois, o sujeito finalmente chegava à porta em que estava escrito "sacanagem", abria e dava de cara com a rua.

Sim, admito que a piada é fraca, mas talvez tenha ficado melhor na versão remix. No final, em vez de o protagonista abrir a porta da rua, ele abre a de uma pequena sala. Dentro, um analista lacaniano refestelado na sua poltrona, fumando Gitanes. "Desculpe, sacanagem é aqui?", pergunta. O analista olha por cima dos óculos e responde: "Sim. E seu tempo acabou. Você me deve 500 reais".

Moral da piada: lacanagem é a verdadeira sacanagem. Com PhD.