Malhação cidadã
Você, como eu, acha que a expressão "exercer sua cidadania" já é suficientemente antipática? Que ela não passa de um eufemismo toscamente concebido para suavizar a principal atividade dos poderes constituídos, enrabar seus súditos? Pois um amigo avisa que ela ameaça cair em desuso -agora, a onda nos discursos dessa gentinha do governo é conclamar a população a "exercitar sua cidadania". Pois é. Ninguém mais quer uma cidadania flácida, com celulite na bunda, estrias, barriga-de-cerveja e/ou seios caídos. Muito menos uma cidadania sedentária, que passa o dia esparramada no sofá da sala, comendo Cheetos, assistindo à reprise de Madureira x Olaria e peidando. É preciso dizer a ela move your fat ass e obrigá-la a se inscrever, sem mais delongas, na academia mais próxima. Com um programa rigoroso de trabalhos voluntários, pelos quais você se exercita fazendo aquilo que paga ao governo para fazer, em breve sua cidadania ficará sarada, bombada, com barriga-de-tanquinho -e, dizem, de pau pequeno, mas isso é de somenos importância diante do efpetáculo do creffimento. Tem que correr, tem que malhar, tem que suar.
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