7.7.03

QUATRO NOTAS PARA A BOZOLINA

1) Existe apenas uma questão mais controversa que a disputa pelo título de "pai da aviação" entre Santos-Dumont e os irmãos Wright: saber quem foi o garoto que, por telefone e em rede nacional de TV, mandou o palhaço Bozo tomar no cu. Já apareceram alguns sujeitos reivindicando esse feito para si, mas nenhum de modo suficientemente convincente. Discute-se, ainda, se o amigo da criançada não teria sido mandado à puta que o pariu. No entanto, é preciso saber que fim levou esse petiz. Terá ele sofrido alguma espécie de "vendetta" por parte da máfia bozolínica? Foi submetido a torturas para ficar com pés tamanho 56? Obrigado a participar de filmes pornográficos hardcore com o Garoto Juca e o Papai Papudo? O povo quer saber. 2) A música-tema das aparições do palhaço no SBT, "Sempre Rir", é uma versão de "Make'em Laugh", composta por Nacio Herb Brown e Arthur Freed e integrante da trilha sonora de "Cantando na Chuva". No filme, ela é cantada por Donald O'Connor, que interpreta Cosmo Brown, o parceiro de Don Lockwood (Gene Kelly). Ignoro quem tenha feito essa versão -e acho que a música merecia um destino menos inglório. 3) Valentino Guzzo era a identidade secreta da Vovó Mafalda. Guzzo, já falecido, é o autor de subestimados sambas de temática culinário-sacana, como "Coxinha de Galinha" (gravado pelo imortal Ivon Curi) e "Lingüiça para Viagem". Mas, como a Vovó, ele foi sobretudo o genial intérprete de "Tumbalacatumba" -música ao mesmo tempo primitiva e atonal, que resume e supera as obras completas de Tom Zé, Arrigo Barnabé e Arnaldo Antunes. Confiram aqui. 4) Para quem teve Bozo como ícone formativo (expressão descaradamente roubada de uma certa divindade pagã), não há Chesterton e P.G. Wodehouse que dêem jeito. E eu assistia ao SBT quando era criança. Isso explica tudo, tudo.