6.8.03

UMA CÂMERA NA MÃO E UMA GOIABA NA CABEÇA

Como as histórias de Ed Ney, o pianista-da-noite/detetive, não estão avançando, tento escrever um roteiro de filme brasileiro. Mas tenho sofrido com minhas restrições auto-impostas: não mostrar gente pelada, não escrever diálogos do tipo "eu te amo, porra", não fazer nada que se assemelhe a uma adaptação de Jorge Amado ou Rubem Fonseca, não incorporar o espírito de Sebastião Salgado e seu gosto pela miséria fotogênica. Por outro lado, também descartei a "saída Walter Hugo Khouri", que é substituir esses clichês por outros -notadamente, várias mulheres disputando, numa mansão, as atenções de um protagonista riquíssimo e entediado. A coisa está tão difícil que pensei em adaptar alguma saga nórdica: vai ser divertido escrever a cena em que Paulo César Pereio se afoga num barril de acquavit.