2.9.03

SOLTANDO O RUBENS DE FALCO

Às vezes penso que todos os seres que têm um blog já citaram algum dos numerosos clichês sobre o ato de escrever e sobre aquele sentimento que é nome de paçoquinha. No segundo caso, o meu chavão preferido é, como vocês sabem, "o amor é como uma flor roxa, só nasce em coração de trouxa" (uma lição das Gotas de Pinho Alabarda que carregarei por toda a vida). Mas senti falta de algum lugar-comum interessante sobre escrevinhação. Aqui vai, portanto: o escritor é um Rubens De Falco do vernáculo. Trata as palavras como se fossem Lucélia Santos. Embrenha-se no mato atrás dos vocábulos fugidos e, quando os recaptura, faz o chicote cantar no lombo deles. Essa crueldade não impede, contudo, que o escritor se deite com algumas palavras. O fruto dessa conjunção verbal são livros -que sairão de casa assim que conseguirem andar sozinhos, vão encher Rubens De Falco de desgosto e podem terminar por matá-lo. Melhor ficar só com a paçoquinha.