14.4.04

Barba de abelhas é civilização

Continuo minha campanha para que a ONU substitua aquele Índice de Desenvolvimento Humano (como diria o velho "Estadão", "há tempos este blogue vem advertindo o senhor Kofi Annan...") por indicadores mais precisos das riquezas e misérias no globo. Um deles, já abordado aqui, é a opulência do mau gosto dos programas de auditório, método seguro para saber se um país está ou não no Primeiro Mundo -ou vocês, por acaso, sabem quem é o Silvio Santos de Serra Leoa? Outro indicador do desenvolvimento e da pujança de uma nação: mortes de roqueiros por overdose. Recentemente, meus estudos revelaram um terceiro índice de riqueza, a meu ver infalível: concursos de barba de abelhas.

Vocês já devem ter visto na TV essa que, ao lado do antigo "Gong Show", é a mais importante manifestação cultural dos Euá: uns sujeitos do Meio-Oeste lambuzam a cara, soltam um enxame de himenópteros em cima e concorrem para ver quem fica com a maior barba de abelhas. Convenhamos: os concursos de barba de abelhas só são possíveis numa terra de abundantes riquezas, cheia de abelhas e mel, onde ninguém precisa trabalhar e os desocupados matam o tempo da maneira mais cretina possível.

E os blogues nada mais são do que um grande concurso de barba de abelhas virtual. Admitam, amigos blogueiros. Vocês, como eu, também lambuzam a cara esperando que um monte de abelhinhas apareça nas caixas de comentários. De vez em quando, algumas delas picam sua bunda, mas nada que obscureça a felicidade de ter a maior e mais bonita barba de abelhas da Blogolândia. Otimista, concluo que estamos mais perto do Primeiro Mundo do que pensávamos: o Brasil só precisa de mais programas de auditório e roqueiros morrendo de overdose. Que mané urânio, que nada.