20.4.04

Povo é estranho quando você é um mais estranho

Não entendi bem essa nova onda, já divulgada por inúmeros blogues, de abrir um livro na página 23 e citar a quinta frase encontrada. Não leio livros, só encartes de CDs -e, graças a Deus, nenhum deles chega à 23ª página (na verdade, o de "Ellington at Newport" quase chega lá. É gordinho e precisa fazer uma dieta para ser retirado da embalagem de plástico). Aliás, se eu fosse um desses "dez filhadaputa que lê livro", na feliz expressão do vocalista do Charlie Brown Jr., faria como o Efelentífimo e não passaria da página 17. Está certo ele. Nenhum livro ensina a "arte de governar", com a possível exceção de "The Pleasures of Sodomy", que já folheei e recomendo, pelo didatismo das ilustrações.

O problema é que as pessoas olham atravessado quando você confessa esse tipo de coisa. Não posso sair de casa sem que tope com blogueiros cochichando um para o outro "ih, alá o cara que só lê encarte de CD". Também sou vítima de preconceito por nunca ter deixado tirarem uma foto minha -fotos são malignas, roubam sua alma, você sabe- e jamais ter me olhado no espelho. Como não sei qual é a minha cara, ao entrar no Turko, coloquei no álbum de fotos do site algumas outras caras que me pareceram bonitas e representativas, de Agnaldo Timóteo ao Trio Los Angeles. Não está funcionando para atrair as fêmeas (pelo menos, não tão bem quanto o desodorante Avanço), e acho que a culpa é da minha orientação sexual declarada -"straight", coisa reacionária e sem graça. Tomara que o Turko reveja seus conceitos e passe a aceitar a expressão "pansexual". Com essa classificação e uma foto do Zé Celso pelado, estou certo de que meu perfil ficará irresistível.