9.1.05

Cole Porter caiu do cavalo

Se não me engano, foi o Dante que escreveu, faz pouco tempo, que bastam três linhas de um livro para saber se ele é bom. Não estou bem certo de que isso funcione com livros -podemos pôr os olhos, por acaso, nas únicas três linhas que prestam em toda a obra-, mas a experiência me ensinou que, com filmes, isso não falha: bastam cinco segundos para ter uma idéia do grau de ruindade. Não raro, nem é preciso ver. É óbvio que uma cinebiografia de Cole Porter que chame Alanis Morissette e Sheryl Crow para relinchar em suas músicas não tem como ser boa -não há hipótese. Que o espírito de Ella Fitzgerald persiga essa gente per omnia saecula saeculorum.

Aproveito para fazer duas modestas propostas para o cinema neste milênio. Nos filmes americanos, é preciso colocar um funcionário de hospital psiquiátrico, com camisa-de-força, em todos os filmes com Dennis Hopper ou Jessica Lange, que devem ser recolhidos ao pinel antes mesmo que emitam sua primeira fala. E, nos nacionais, decretar a prisão preventiva de Chico Diaz assim que ele entrar em cena -quando ele aparece, já se sabe que alguma vai aprontar.