Apontamentos para um futuro post
(Penso que a pobreza da filosofia e da literatura no Bananão se deve, em boa medida, à curiosa idéia de "vivência" comum à maioria dos brasileiros. Você ouve um habitante da Botocúndia falar em "viver!", com exclamação, e sabe de imediato que esse verbo exclui completamente: a) observação; b) raciocínio indutivo e dedutivo; c) leitura. Todas essas coisas, para um brasileiro, são feitas fora da vida; très éxotique, diria um francês do século 19 ajeitando seu monóculo. Claro, trata-se de uma noção infantil do que é a vida: criança é que não consegue ver nada -viver nada- sem pegar. Mesmo os sentidos se restringem ao tato e ao paladar. É por isso que o brasileiro acha que pegar a merda e pôr na boca é o único modo de "conhecê-la". Transfira isso para a vida mental da nação -cacófato premeditado- e você entenderá por que boa parte dos nossos so-called escritores jamais saiu da fase anal.)
(A supressão das capacidades de abstrair e de imaginar explica quase toda a nossa lixeiratura e o fato de ser mais fácil achar um pingüim no verão de Copacabana do que um filósofo submetido às mesmas condições climáticas. Não tenho a pretensão de dar conselho nenhum a quem escreve, mas suspeito de que algo como "tira a mão daí, menino!" seja um bom começo para todos nós.)
(A supressão das capacidades de abstrair e de imaginar explica quase toda a nossa lixeiratura e o fato de ser mais fácil achar um pingüim no verão de Copacabana do que um filósofo submetido às mesmas condições climáticas. Não tenho a pretensão de dar conselho nenhum a quem escreve, mas suspeito de que algo como "tira a mão daí, menino!" seja um bom começo para todos nós.)
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