Pequena antologia goiabal
Jorge de Lima (1893-1953)
Este é o marinho e primitivo galo
de penas reais em concha e tartaruga.
Com seu concerto afônico me embalo,
turva-se o vento, o Pélago se enruga.
Silencioso clarim, mudo badalo,
dos ruídos e ecos rápido se enxuga.
Jorra o canto sem voz de seu gargalo
e se encrespa no oceano em onda e ruga.
Galo sem Pedro, em pedra vivo galo,
de córneos esporões de caramujo
—tubas dos espadartes e cações.
O dia sem mistério, seu vassalo
esvai-se no seu bico imenso, em cujo
som as brasas da crista são carvões.
(Do "Livro de Sonetos", 1949.)
Este é o marinho e primitivo galo
de penas reais em concha e tartaruga.
Com seu concerto afônico me embalo,
turva-se o vento, o Pélago se enruga.
Silencioso clarim, mudo badalo,
dos ruídos e ecos rápido se enxuga.
Jorra o canto sem voz de seu gargalo
e se encrespa no oceano em onda e ruga.
Galo sem Pedro, em pedra vivo galo,
de córneos esporões de caramujo
—tubas dos espadartes e cações.
O dia sem mistério, seu vassalo
esvai-se no seu bico imenso, em cujo
som as brasas da crista são carvões.
(Do "Livro de Sonetos", 1949.)
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