29.6.05

A verdade está lá fora

"O senhor não quis atender?" "Quem?" "A verdade, ué. Cansou de tocar a campainha da sua casa." "Puxa, eu estava no banho. Nem ouvi. O que ela queria?" "Sei não. Só sei que saiu furiosa. Tomou a maior chuva." "Imaginei. Não existe guarda-chuva para a verdade." "E estava peladinha, viu? Nuinha em pêlo." "Bom, a verdade é, por definição, nua e crua. Pelo menos era interessante?" "Vixe, parecia um dragão! O senhor sabe que a verdade não é bonita, seu Goiaba." "Então fiz bem em não atender. O senhor me faz um favor, seu Zé?" "Pois não." "Na próxima vez em que a verdade aparecer aqui, peça para ela tocar a campainha do cortiço aí do lado." "Sei, onde mora o cinema nacional." "Esse mesmo. Ali a verdade pode cagar à vontade na soleira da porta. Eles vão achar o máximo." "Podeixá."