19.11.03

NO PAÍS DOS CRONISTAS POLÍTICOS

No país dos cronistas políticos as pessoas não dirigem carros ou motos, mas sim rolos compressores. No país dos cronistas políticos ninguém conversa, todos articulam acordos de bastidores. No país dos cronistas políticos existem propinodutos: basta que as pessoas abram a torneira da pia para que os dólares jorrem. Todos andam sempre com camisas de colarinho branco (mesmo na praia), circulam com malas pretas, falam palavrões como "substitutivo" sem enrubescer e contraem gripes cafonas com nomes de presidentes ("gripe Sarney", "gripe Itamar" etc.). Tudo no país dos cronistas políticos se parece com uma charge do Chico Caruso no "Jornal Nacional". O país dos cronistas políticos é pior que qualquer círculo do inferno de Dante. Eu já pedi asilo na África, que é uma agência do Nizan Guaranaes, mas é limpinha. Viverei perto de Byafra, que canta eternamente "voar, voar, subir, subir" em seu piano de cauda branco, ou entre os tutsis, aquela tribo em que todos têm a cara do Dustin Hoffman travestido.