11.9.03

COM CARA DE CINEMA NACIONAL

Vou confessar aqui uma coisa que eu não deveria dizer nem ao médium depois de morto, para citar mais uma vez o tarado de pijama: eu não gostei dos documentários sobre Nelson Freire e Paulinho da Viola. E sabem por quê? Porque eles poderiam ter sido feitos em qualquer outro lugar -não têm cara de cinema brasileiro. Se eu fosse João Moreira Salles ou Izabel Jaguaribe, incluiria pelo menos duas cenas nos seus respectivos filmes: 1) Paulo César Pereio, de camisa aberta quase até o umbigo e copo de uísque na mão, observando Freire tocar e gritando: "Porra, cara, tu toca bem pra caralho! Não é porque tu é meu amigo, mas puta que pariu, que coisa linda!". Na falta de Pereio, Joel Barcellos também serve. 2) Aldine Müller de quatro, na frente de Paulinho -que dedilha, calmamente, seu violão-, passando a língua pelos lábios e dizendo "me chama de puta". Tradições tão nobres merecem ser mantidas.