O ATAQUE DOS VERMES DE OUVIDO
Segundo aquele sósia nazistófilo do Carlos Heitor Cony, a língua alemã facilita a criação de conceitos filosóficos. É verdade -e não só no que diz respeito à filosofia. Os alemães têm em seus dicionários vocábulos que equivalem a, no mínimo, quatro palavras ditas por um lusoparlante. Dois ótimos exemplos são Schadenfreude, que é o prazer obtido com a desgraça alheia (sim, trata-se do popular "pimenta no ônus da prova dos outros é refresco"), e Torschlüsspanik, "medo que as moças solteiras sentem quando começam a passar da idade de casar". Viram só? Uma palavra em alemão, catorze em português. Aviso às Glorias Steinems de plantão que a última frase entre aspas não é minha, mas de um ótimo texto do Sérgio Augusto, cuja leitura recomendo.
O artigo de Sérgio, contudo, não cita uma das minhas palavras alemãs preferidas, que é Ohrwürm. Literalmente, ela significa "verme de ouvido" e é usada para designar aquela música pegajosa -e, na maioria dos casos, muito ruim- que você não consegue parar de cantar ou assobiar. É raríssimo que meus vermes auditivos sejam alguma coisa como o tema do concerto para violino em mi menor, opus 64, de Mendelssohn (bastante assobiável, aliás).
Meu primeiro Ohrwürm desta semana foi uma música bem "silly" de Paul McCartney, especialista em compor vermes pegajosos ("I light a candle to our love, in love our problems disappear..."). Daí por diante, só piorou: o seguinte foi uma música do Fofão, aquele boneco com cara de testículo ("quá, quá, quá, que engraçado é..."). Ela sumiu do meu cérebro apenas quando eu me lembrei de um sucesso de Luiz Caldas ("desmatar florestas, fazer queimada/ é burrice, não tá com nada"). Percebi que o caso era gravíssimo ao me dar conta de que, em pleno escritório, eu balançava os braços no ar ao cantar isso. Sim, foi constrangedor, amiguinhos.
Faltam estatísticas sobre os danos físicos e morais provocados pelos vermes auditivos. Mas acho que eles podem ser uma arma poderosa na minha estratégia de dominação mundial. Eu mesmo já fiz duas pessoas cantarem "Love and Marriage", do Frank Sinatra, comigo -e agora elas não conseguem tirar o Al Bundy da cabeça.
Segundo aquele sósia nazistófilo do Carlos Heitor Cony, a língua alemã facilita a criação de conceitos filosóficos. É verdade -e não só no que diz respeito à filosofia. Os alemães têm em seus dicionários vocábulos que equivalem a, no mínimo, quatro palavras ditas por um lusoparlante. Dois ótimos exemplos são Schadenfreude, que é o prazer obtido com a desgraça alheia (sim, trata-se do popular "pimenta no ônus da prova dos outros é refresco"), e Torschlüsspanik, "medo que as moças solteiras sentem quando começam a passar da idade de casar". Viram só? Uma palavra em alemão, catorze em português. Aviso às Glorias Steinems de plantão que a última frase entre aspas não é minha, mas de um ótimo texto do Sérgio Augusto, cuja leitura recomendo.
O artigo de Sérgio, contudo, não cita uma das minhas palavras alemãs preferidas, que é Ohrwürm. Literalmente, ela significa "verme de ouvido" e é usada para designar aquela música pegajosa -e, na maioria dos casos, muito ruim- que você não consegue parar de cantar ou assobiar. É raríssimo que meus vermes auditivos sejam alguma coisa como o tema do concerto para violino em mi menor, opus 64, de Mendelssohn (bastante assobiável, aliás).
Meu primeiro Ohrwürm desta semana foi uma música bem "silly" de Paul McCartney, especialista em compor vermes pegajosos ("I light a candle to our love, in love our problems disappear..."). Daí por diante, só piorou: o seguinte foi uma música do Fofão, aquele boneco com cara de testículo ("quá, quá, quá, que engraçado é..."). Ela sumiu do meu cérebro apenas quando eu me lembrei de um sucesso de Luiz Caldas ("desmatar florestas, fazer queimada/ é burrice, não tá com nada"). Percebi que o caso era gravíssimo ao me dar conta de que, em pleno escritório, eu balançava os braços no ar ao cantar isso. Sim, foi constrangedor, amiguinhos.
Faltam estatísticas sobre os danos físicos e morais provocados pelos vermes auditivos. Mas acho que eles podem ser uma arma poderosa na minha estratégia de dominação mundial. Eu mesmo já fiz duas pessoas cantarem "Love and Marriage", do Frank Sinatra, comigo -e agora elas não conseguem tirar o Al Bundy da cabeça.
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