Sociedade de preservação da broa de milho erótica
Apesar das palavras pouco amáveis do post abaixo, sou obrigado a reconhecer que Piçaraguatuba-Mirim é um depósito do que há de mais rico e significativo na cultura brasileira. Aqui, qualquer loja de artesanato ignora completamente o significado de termos como "espanador", "pano de pó" e congêneres. É uma prova de sensibilidade: seus donos sabem que a poeira, acumulada durante anos, é inseparável da história dos objetos que vendem -e, afinal, os ácaros também são nossos semelhantes, nossos irmãos.
Mas a principal riqueza das lojas de artesanato piçaraguatubenses está nas prateleiras de, ahn, "arte erótica". Todas, rigorosamente todas elas, vendem reproduções do "padreco sem-vergonha", com um pilão grosso e pintado de vermelho sob a batina, e daquele caixãozinho com a inscrição "mistério" que, se aberto, exibe um esqueleto que, milagrosamente, teve sua benga preservada: sim, existe piça após a morte. E há, é claro, o bom gosto e a sofisticação das marcas de cachaça: "Água de Xota" (cujo rótulo ostenta o desenho de uma mulher de pernas abertas e de um velho, que assegura aos consumidores: "É azedinha!") e "A Piroga do Índio", cuja garrafa exibe o que suponho ser o protagonista d'"O Elixir do Pajé", de Bernardo Guimarães, usando sua jeba como arco.
Cachaça, broa de milho e fodelança: eis a flor de 500 anos de produção cultural na Botocúndia. E é isso que o Arriando Suassunga quer preservar. Way to go, armorial boy.
Mas a principal riqueza das lojas de artesanato piçaraguatubenses está nas prateleiras de, ahn, "arte erótica". Todas, rigorosamente todas elas, vendem reproduções do "padreco sem-vergonha", com um pilão grosso e pintado de vermelho sob a batina, e daquele caixãozinho com a inscrição "mistério" que, se aberto, exibe um esqueleto que, milagrosamente, teve sua benga preservada: sim, existe piça após a morte. E há, é claro, o bom gosto e a sofisticação das marcas de cachaça: "Água de Xota" (cujo rótulo ostenta o desenho de uma mulher de pernas abertas e de um velho, que assegura aos consumidores: "É azedinha!") e "A Piroga do Índio", cuja garrafa exibe o que suponho ser o protagonista d'"O Elixir do Pajé", de Bernardo Guimarães, usando sua jeba como arco.
Cachaça, broa de milho e fodelança: eis a flor de 500 anos de produção cultural na Botocúndia. E é isso que o Arriando Suassunga quer preservar. Way to go, armorial boy.
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