30.8.04

Eu sou brasileiro e só me fodo

O título do post corresponde exatamente ao que pensei quando vi Vanderlei Cordeiro de Lima, bem na hora em que liderava a maratona olímpica, ser abalroado pelo irlandês maluco. Na verdade, acho que o gordo de saia é a materialização do Sobrenatural de Almeida, imortal criação do tarado de pijama. Normalmente, ele é uma entidade invisível: faz cavalos refugarem, empurra ginastas para que pisem fora do limite do tablado, segura a perna do corredor em pleno salto triplo, torce o braço da jogadora de vôlei bem na hora da cortada. E a vítima é sempre alguém do Bananão: não basta ser brasileiro, tem que tomar na tarraqueta. (As medalhas de ouro, poucas, correspondem aos raríssimos momentos de distração do personagem.) Apenas ontem, durante a maratona, SA se descuidou e acabou sendo visto por todo mundo -menos pelos seguranças, como sói acontecer.

Mas, pensando bem, o empurrador maluco é uma invenção utilíssima. Imaginem só. Baiano Meloso sobe ao palco com seu violão, o gordo de saia sai dos bastidores e lhe dá um tranco: bum. Gerald Thomas fica de costas para a platéia, começa a desabotoar as calças e, bum, é arremessado ao fosso da orquestra pelo ex-padre doidjão (todos pensam que é parte da peça e aplaudem). O atorzinho global está no meio da valsa com a debutante, entra o maluco e bum, derruba os dois sobre a mesa do ponche. O Efelentífimo, de faixa presidencial, sobe ao alto do parlatório para discursar e... que cena maravilhosa, não? Por isso a Botocúndia não vai para a frente: aqui os malucos beijam, em vez de empurrar.