Nouvelle résistance française
Numa passagem de "O Castelo de Axel", Ed Wilson, aquele crítico literário com nome de cantor da Jovem Guarda, cita brevemente o historiador francês Jules Michelet. Para Michelet, no século 16, o futuro da literatura francesa dependia do equilíbrio entre o pantagruélico François Rabelais e o pleiádico Pierre de Ronsard -e Ronsard vencera, o que, segundo o historiador, era lamentável.
Nos anos 60 do século passado, deu-se um combate ainda mais importante. Pouquíssima gente notou, mas, naquela época, o futuro de toda a inteligência francesa estava sendo decidido no ringue em que François Truffaut e Jean-Luc Godard se estapeavam. Para espectadores como eu, não havia dúvida de que Truffaut ganhara por nocaute: por fazer filmes "autorais" e que obtinham, ao mesmo tempo, sucesso comercial, por se fazer compreender pelos espectadores, por ter dirigido algumas das mulheres mais bonitas do mundo (Jeanne Moreau, Françoise Dorléac, Catherine Deneuve, Jacqueline Bisset, Isabelle Adjani, Fanny Ardant). Um chato como Godard, que trocara Anna Karina por Mao Tse-tung, certamente não era páreo para nosso herói.
Mas os juízes, hélas, eram acadêmicos e pirobos. Subiram ao ringue e ergueram o braço de Godard, decretando sua vitória por pontos. Daí para Lacan dizer que a mulher não existia, Derrida desconstruí-la e Baudrillard transformá-la num simulacro foi um pulo. Ninguém mais entendia o que um francês dizia, escrevia ou filmava. A inteligência foi caçada a pauladas, como uma ratazana prenhe do Nelson Rodrigues, e finalmente expulsa do país.
Alguns franceses e francófilos, contudo, resistem. Sabem que Truffaut, ano após ano, fica ainda melhor que Godard e estão ocupados demais gostando de mulher para perder seu tempo com mistificadores pós-modernos. Afinal, as pernas das mulheres são os compassos dos quais dependem a harmonia e o equilíbrio do planeta -já dizia Bertrand Morane, nosso grande timoneiro.
Nos anos 60 do século passado, deu-se um combate ainda mais importante. Pouquíssima gente notou, mas, naquela época, o futuro de toda a inteligência francesa estava sendo decidido no ringue em que François Truffaut e Jean-Luc Godard se estapeavam. Para espectadores como eu, não havia dúvida de que Truffaut ganhara por nocaute: por fazer filmes "autorais" e que obtinham, ao mesmo tempo, sucesso comercial, por se fazer compreender pelos espectadores, por ter dirigido algumas das mulheres mais bonitas do mundo (Jeanne Moreau, Françoise Dorléac, Catherine Deneuve, Jacqueline Bisset, Isabelle Adjani, Fanny Ardant). Um chato como Godard, que trocara Anna Karina por Mao Tse-tung, certamente não era páreo para nosso herói.
Mas os juízes, hélas, eram acadêmicos e pirobos. Subiram ao ringue e ergueram o braço de Godard, decretando sua vitória por pontos. Daí para Lacan dizer que a mulher não existia, Derrida desconstruí-la e Baudrillard transformá-la num simulacro foi um pulo. Ninguém mais entendia o que um francês dizia, escrevia ou filmava. A inteligência foi caçada a pauladas, como uma ratazana prenhe do Nelson Rodrigues, e finalmente expulsa do país.
Alguns franceses e francófilos, contudo, resistem. Sabem que Truffaut, ano após ano, fica ainda melhor que Godard e estão ocupados demais gostando de mulher para perder seu tempo com mistificadores pós-modernos. Afinal, as pernas das mulheres são os compassos dos quais dependem a harmonia e o equilíbrio do planeta -já dizia Bertrand Morane, nosso grande timoneiro.
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