18.9.03

CRIANÇAS, NÃO FAÇAM ISSO EM CASA

Tive, faz pouco tempo, uma experiência semelhante àquelas do Aldous Huxley com mescalina: descobri que a careca de Artur da Távola tem poderes alucinógenos. Sintonizei a TV Senado, em que o senador apresenta um programa sobre música erudita, e fiquei olhando fixamente para a sua calva enquanto ele engrolava uma conversa, de fortíssimo poder hipnótico, sobre a genialidade de Mozart. Em vez de eu cair no sono, que é o que costuma acontecer, minhas portas da percepção foram abertas: percebi que André Previn e Olavo de Carvalho são a mesma pessoa (e, de fato, era Olavo quem gesticulava diante da orquestra). Compreendi que, batendo todos os personagens do Almodóvar no liqüidificador, você obtém um Cauby Peixoto dublado nos estúdios da Televisa. Por fim, toda a história da MPB nos últimos 35 anos passou diante de meus olhos -era o conteúdo do penico de Rogério Duprat na foto da capa de "Tropicália". Nunca mais quero passar por uma bad trip dessas. Mantenham o Artur da Távola longe das crianças.