16.9.03

VAMOS GODARD OUTRA VEZ

Finalmente, a moça consentira em visitar o apartamento do cinéfilo. Ele se Kurosawa de ansiedade. Preparou um belo jantar à luz de velas: carpaccio de Fellini na entrada, Pasolini ao molho pardo como prato principal e uma garrafa de Dreyer. Ao soar da campainha, abriu a porta: a musa, toda Lang em um vestido novo, estava linda de Oshima a baixo. Bastou vê-la para que ele, que já havia bebido um pouco, se sentisse cada vez mais Wilder. Seus pensamentos resumiam-se a um só: Coppola. Não se conteve e a agarrou. Foi aí que o cinéfilo se Truffaut: levou um tapa na cara e ainda ouviu um “vá tomar no Kubrick” da mocetona indignada. Bem, Wim Wenders e aprendenders: não é preciso ser nenhum Eisenstein para saber que um cinéfilo tarado sempre se Ford.