13.6.05

Saudades do Brazil

Villa-Lobos, o índio de casaca, primus inter pares dos fumadores de charuto, era um grande sujeito. Algum espírito-de-porco, que os há por toda parte, objetará que ele não passou de funcionário daquele ditador meia-punheta do Estado Novo, que saiu da vida para entrar nos discursos do Brizola. Outro verá em certas declarações ufanistas dele ("O meu primeiro livro foi o mapa do Brasil, o Brasil que eu palmilhei, cidade por cidade, Estado por Estado, floresta por floresta, perscrutando a alma de uma terra...") coisa perigosamente parecida com Amaral Netto e seus louvores à Transamazônica e à pororoca. Não importa. No meu ranking, ele ganha muitos pontos por ter zoado Tom Jobim ("Maestro, este é Antonio Carlos Jobim. Foi ele que escreveu o 'Orfeu da Conceição'." "Ah, sim! 'Conceição, eu me lembro muito bem...'") e por ter sido amigo de um violonista chamado Sátiro Bilhar -só pelo nome do gajo, quase tão legal quanto Brasil Gérson ou Ford Madox Ford.

Ça va sans dire, há ainda a música. Que música, torcida brasileira. É só ouvir o primeiro movimento da primeira das Bachianas para pensar em tudo o que este Bananão podia ser. Dura pouco, claro: é só pôr o pé fora de casa, abrir a janela que dá para a rua ou ler os jornais que eu paro de pensar bobagem. Melhor fechar portas e janelas, jogar o jornal fora e continuar ouvindo o Vira-Loucos. Quem quiser ouvir comigo pode clicar, as usual, na nota abaixo.






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Você insiste em perder tempo lendo minhas goiabices? Tenho uma sugestão melhor: vá visitar o "Passa o Sal, Por Favor?", da Daniela Sandler, moça que escreve muito bem e finalmente resolveu pôr seu blogue no ar. Depois, se quiser, passe aqui para a sobremesa.